Ficou ali, olhando para ela, vigiando seu sono. O pensamento longe. Lembranças antigas surgiam como cenas projetadas num filme silencioso, vultos do dia em que Sofia desapareceu, mas não saiu de sua vida. Um passado que insistia em não ficar enterrado.
Era perto da hora do jantar, Laerte apareceu. Entrou como quem era dono da casa, sem cerimônia.
— Um milagre você aqui. Tem trabalhado muito, irmão. Disse, indo direto à adega.
— O que faz aqui? Glauco perguntou, sem esconder a desconfiança.
— Preciso da sua ajuda no negócio dos pescados. Estão me sobrecarregando com taxas.
Falava casualmente, tomando vinho. Mas os olhos estavam voltados para a escada.
Sofia desceu logo depois, uma verdadeira aristocrata. Vestido verde escorrendo pelo corpo, cabelos soltos como cascatas. Sorria para Glauco. Mas os olhos de Laerte não a deixavam.
Durante o jantar, Laerte insistiu para que Glauco entrasse no negócio. Mas Glauco sabia que por trás dos pescados vinham armas, drogas, tráfico… e todos os cri