Laerte desceu da moto, depois de deixar Glauco com Paolo e Amália no hospital. Com passos largos, a calça jeans amassada, a camiseta preta grudando no corpo pelo calor, o cabelo ainda desgrenhado pelo capacete, caminhou até os seguranças cumprimentando-os e entregando o capacete a um deles.
Passou a mão pelos fios, ajeitou a expressão. Caminhou com passos decididos, se aproximou da cela onde Sofia hibernava em silêncio diante da TV, presa a imagens de seus homens sendo algemados, interrogados, suas redes desmoronando.
Ela estava sentada no chão, o rosto gasto, olhos verdes fixos na tela. Quando ouviu os passos, ergueu o queixo. Laerte sorriu sem alegria.
— E então? Zombou ele, observando as bolsas fundas sob os olhos dela. — Como anda o sono?
Sofia não respondeu de imediato. Levantou-se devagar, um vulto pálido do que já fora, a voz fina tentando recuperar a altivez.
— Você não parece bem. Respondeu ela, tentando desviar o golpe com ironia.
Laerte cruzou os braços. Aquelas noites em c