O dia havia amanhecido. Paolo, depois de deixar Natália e Ana na mansão de Laerte, permanecera no hospital.
Já Laerte não saíra do hospital desde que trouxera o irmão. A noite inteira permaneceu sentado ou de pé diante da porta do quarto, de braços cruzados, os olhos fixos na pequena janela de vidro. Pela abertura, acompanhava cada movimento em silêncio.
Lá dentro, Amália falava baixinho com Glauco, chorava, acariciava-lhe o rosto e, vencida pelo cansaço, acabou adormecendo com a cabeça apoiada ao lado dele, a mão pequena segurando firme a dele, como se aquele gesto fosse capaz de mante-lo vivo.
O sol subiu, espalhando sua claridade quente pelos corredores, como se anunciasse: é um novo dia.
Glauco acordou antes do previsto pelo médico. Sonhou que Amália caía em um abismo sem fim. Ele a segurava pela mão, mas sentia seus dedos escorregarem, o calor da pele dela sumindo, até desaparecer. O medo da perda o fez despertar de sobressalto.
O teto branco e o ritmo constante dos aparelhos o