Foram dias longos. Eu me enfiei nos livros como quem se enfia em um esconderijo, tentando apagar a lembrança dele. Mas Russ estava em todo lugar: nas pausas em que meu olhar se perdia, no silêncio antes de dormir, até mesmo no café que eu preparava de manhã, que parecia sempre ter menos gosto sem ele.
Depois daquela noite em que me entregou um contrato e sugeriu exclusividade apenas para mim, algo em mim morreu um pouco. Como se o encanto tivesse levado um choque. Eu não queria ser a parte frágil de um acordo unilateral, muito menos uma posse. Então, toda vez que ele surgia na minha mente — e era frequente demais — eu virava a página, mudava de assunto comigo mesma, como se pudesse enganar meu próprio coração.
Minha mãe estava melhor, mais corada, com uma energia que há meses eu não via. O novo tratamento parecia estar funcionando, e só isso já me tirava um peso do peito. Quando eu a via sorrir, eu lembrava de que ainda havia motivos para acreditar que tudo iria ficar bem.
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