Amara sacrificou seus sonhos por amor, mas a traição destruiu tudo. Após a perda de seu bebê — ou ao menos, é nisso que acredita —, uma nova fase começa. Agora, é a hora de retomar tudo o que lhe foi negado. E se a vingança for o preço para seguir em frente, ela não hesitará em envenenar quem lhe causou tanto mal.
Leer másO calor parecia incinerar cada célula do corpo de Amara. Era um incêndio interno, ardente como lava, e a única chance de alívio estava no toque do homem à sua frente...
Instintivamente, seus dedos se agarraram à pele fria e marmórea. A sobrevivência falava mais alto, eliminando qualquer resistência. A dor misturava-se ao prazer, crescendo devagar, intensificando-se como fogos de artifício iluminando o céu noturno de sua mente. Era como estar à deriva em um mar escaldante, subindo e descendo sem controle, completamente incapaz de escapar.
“Ei, acorde... Está frio aqui, você pode pegar um resfriado.”
Um toque em seu ombro fez Amara abrir os olhos ligeiramente. O olhar preocupado da enfermeira trouxe-a de volta à realidade. Ainda desorientada, ela sentiu o calor ruborizar seu rosto, como se tivesse sido pega em flagrante.
Droga. Mesmo depois de tanto tempo, aquela noite, cheia de calor e descontrole com Asllan, continuava invadindo seus sonhos.
Por estar bêbada a ponto de perder a consciência, as memórias daquela noite eram vagas, quase inexistentes. Contudo, a vergonha permanecia sempre que pensava nisso, especialmente quando lembrava que tinha que encarar Lorenzo Anbrósio, sabendo que ele, ao menos, jamais saberia o que se passava em sua mente.
A enfermeira, ainda à sua frente, entregou-lhe alguns papéis.
“Você se esqueceu de pegar os resultados dos exames de saúde da gravidez. O Dr. Zhang pediu para que você volte na próxima semana.”
Amara pegou os papéis e sorriu gentilmente antes de guardá-los com cuidado em sua bolsa.
Enquanto caminhava para a saída do hospital, sua mente já estava a quilômetros dali. Após meses sem contato, Asllan estava finalmente voltando ao país. Pensar no reencontro a fazia sentir um misto de nervosismo e expectativa.
O choque de Asllan ao descobrir sua gravidez ainda era uma lembrança recente. Apesar de suas palavras tranquilizadoras, Amara percebia que ele não parecia tão animado quanto ela. Mas talvez fosse normal, como o médico havia dito: homens demoravam mais para se conectar à ideia de serem pais. Ainda assim, por que ela tinha a sensação de que estava conduzindo tudo sozinha?
O sol brilhava forte quando ela saiu para a rua, ajeitando a cintura dolorida antes de acenar para um táxi. De repente, um carro esportivo vermelho surgiu como um relâmpago, freando bruscamente a poucos centímetros de sua roupa.
Amara recuou instintivamente, o coração disparado. O som estridente dos freios ainda ecoava em seus ouvidos quando uma figura feminina emergiu do veículo.
Vestindo um vestido vermelho justo que realçava suas curvas, Melissa desceu do carro com a confiança de uma modelo na passarela. Seu sorriso carregava veneno, e seus saltos altos pareciam martelar o chão com provocação enquanto se aproximava de Amara.
“Amara, com medo de que eu acabe com o bastardo no seu ventre?” A voz cortante fez o corpo de Amara gelar.
Instintivamente, ela protegeu o abdômen, dando um passo para trás.
“Melissa, não se atreva a ir tão longe!”
Melissa riu, cruzando os braços com desdém. “Ir longe demais? Você já foi longe demais! Embebedou-se, dormiu com um estranho, engravidou e agora quer fazer Asllan assumir o papel de pai? Que vergonha, Amara.”
As palavras caíram como facas. Amara congelou.
“Não sabe do que está falando!”
“Ah, eu sei, sim.” Melissa inclinou-se para frente, olhando-a diretamente nos olhos. “E você? Acha mesmo que o homem daquela noite era Asllan? Não seja tão ingênua.”
O rosto de Amara ficou lívido.
“Desde crianças, você não parava de dizer que ele era seu namorado de infância, sua alma gêmea, e nem reconheceu o próprio corpo dele naquela noite?” Melissa riu, um som cheio de crueldade.
A cabeça de Amara girava. As palavras de Melissa traziam à tona lembranças confusas, mas cada vez mais claras. Sim, o homem daquela noite... ele era diferente.
Ela havia se convencido de que Asllan tinha mudado fisicamente, amadurecido. Mas, agora, a ideia de que tudo poderia ter sido um erro esmagava seus sentidos.
A luz do sol não parecia capaz de aquecer o frio que a dominava.
“Vou ser direta com você! Naquela noite, coloquei algo no seu vinho, e por pura diversão, arrumei dois homens para você satisfazer seu desejo. Quem diria que você seria tão imprevisível? Acabou entrando no quarto de um desconhecido e, sem cerimônia alguma...” Melissa falou com desdém, o olhar carregado de malícia. “E Lorenzo Anbrósio foi gentil demais! Temia que você não suportasse a verdade, então disse que era ele naquela noite!”
Amara sentiu o sangue ferver, cada palavra de Melissa atingindo-a como uma lâmina afiada. Sem conseguir mais se conter, ela agarrou o pulso da mulher, o rosto fervendo de indignação:
“Por que você fez isso comigo? Por quê? Já não causou sofrimento o suficiente?”Melissa, em um primeiro momento, levantou a sobrancelha com raiva, mas logo avistou Asllan atrás de Amara. Com a precisão de uma atriz ensaiada, suavizou o tom, assumindo uma expressão delicada e falsamente arrependida:
“Irmã mais velha, eu sei que errei. Se você quer bater ou gritar, faça comigo. Mas, por favor, não culpe o Lorenzo Anbrósio...”Amara congelou ao ouvir aquele nome. Seu corpo ficou tenso, e seus olhos, ainda marejados, encontraram os de Asllan. Antes que pudesse reagir, Melissa se jogou no chão com um movimento teatral, a pose perfeita de quem havia sido empurrada.
“Asllan! O que você está fazendo aqui?” Melissa gritou com a voz chorosa, as lágrimas estrategicamente escorrendo pelo rosto.
Amara ficou paralisada quando ouviu a voz fria e reprovadora de Asllan atrás de si:
“Amara, o que você fez?”Sem conseguir acreditar no que ouvia, Amara assistiu Asllan passar por ela para ajudar Melissa a se levantar. Ele a segurou com cuidado, protegendo-a como se ela fosse um tesouro frágil.
“Melissa, você está bem?” ele perguntou, ignorando completamente o estado de Amara.
“Sim, estou bem... Só me preocupo com minha irmã. Eu sei que fui impulsiva, mas só queria ajudá-la a encontrar seu caminho...” Melissa murmurou com um tom doce, encostando-se no peito de Asllan.
A raiva e a frustração de Amara chegaram ao limite. Ela sabia que havia algo errado, mas nunca imaginou que Melissa fosse capaz de tamanha crueldade.
“Asllan, você sabia disso o tempo todo?” Amara perguntou, sua voz quebrada.
Asllan suspirou antes de começar a falar. Ele falou sobre como cresceu com Amara, sobre como se apaixonou por Melissa e como lutou contra seus sentimentos. Falou sobre o choque de descobrir a gravidez de Amara e sobre como se sentia culpado.
“Amara, sinto muito. Não posso me casar com você. Não é por causa daquela noite ou dessa criança, mas porque não posso decepcionar Melissa. E não quero enganar meus próprios sentimentos.”
Aquelas palavras soaram como a sentença final. Amara tentou argumentar, mas percebeu que não havia mais nada a dizer. Melissa havia roubado tudo dela: sua família, sua identidade e, agora, até o homem que ela amava.
Ela deu as costas para os dois, caminhando em direção à rua, o coração apertado e a mente em um turbilhão de emoções. Quando estava no meio da faixa de pedestres, um som estridente de freios encheu o ar.
O impacto a jogou no ar, e o mundo girou ao seu redor. Enquanto a dor intensa irradiava de seu corpo, tudo parecia ficar distante. Ela viu rostos conhecidos, mas não sentiu conforto algum.
O sangue quente escorria de sua testa, e sua visão ficou turva. No meio da confusão, Amara ouviu vozes gritando por ajuda antes de sua consciência desaparecer na escuridão profunda.
Os corredores da sede da família Riddel estavam particularmente curiosos após a entrada do Pequeno Mestre naquela manhã. Mas o silêncio era apenas a calmaria antes da tempestade.Pouco depois das nove, uma nova mensagem explodiu no grupo de bate-papo interno:[PESSOAL, EU OUVI COM MEUS PRÓPRIOS OUVIDOS!!!][O CEO Pitter acabou de dizer que a mãe do Pequeno Mestre é a Srta. Amara!]A notificação apareceu simultaneamente em todas as telas. Algumas canecas de café foram derrubadas, relatórios caíram no chão, e uma onda de incredulidade percorreu os andares como um vendaval. Em poucos minutos, o nome de Amara estava nos lábios de todos.“Você ouviu? Amara! Aquela Amara? A funcionária que ele sempre protege?”“Protege? Ele praticamente construiu um castelo de segurança ao redor dela!”“Mas... e se isso for um mal-entendido? Alguém pode ter escutado errado!”Na ala executiva, o ar ficou pesado. Pietro, mesmo ausente, foi interceptado por uma mensagem sem noção:— Senhor Pietro! É verdade o
Amara voltou a si e percebeu que já era bem tarde:— Ah, Pitter, você está quase atrasado para o trabalho, não é?— Ainda é bem cedo. Você não vai procurar um lugar para Rick Melgar? Estes são alguns lugares que eu pesquisei. Aqui estão para sua referência — disse Pitter, entregando a ela uma pasta de arquivo.— Isso é muito rápido! — Amara ficou impressionada com a eficiência de Pitter.— Isso não leva muito tempo — ele respondeu com simplicidade. Ela sempre estava no topo de suas prioridades; é claro que seria rápido.— Muito obrigada! — Amara se sentiu confortável ao ver o arquivo contendo análises e comparações de diferentes áreas.Ela então olhou para Théo e se sentiu um pouco constrangida.— Hã... vou sair para procurar casas hoje, então o que o Théo pode fazer? Tudo bem se eu sair um pouco, mas vou a muitos lugares hoje e vai ser difícil para ele me acompanhar!Théo se sentiu abandonado ao ouvir seus planos.— Deixe-me chamar o mordomo — disse Pitter.O pequeno Théo olhou fixam
"É isso mesmo!" confirmou o homem.Laion apertou o espaço entre as sobrancelhas novamente e respirou fundo, tentando ao máximo controlar suas emoções. Depois de um tempo, decidiu corajosamente dizer ao homem na tela, em um tom frio:— Desculpe, rejeito esta missão.Para seu espanto absoluto, o homem na tela — com o rosto envolto em sombras e os olhos semicerrados de sarcasmo — não ficou bravo após ser rejeitado. Em vez disso, se mostrou surpreendentemente amigável:— Ah, tudo bem, acho que vou ter que ir sozinho então!— De jeito nenhum! — Laion tentou suprimir sua irritação, simulando mentalmente estar matando alguém centenas de vezes antes de desistir. — Tudo bem, eu vou!No convés, o homem se levantou e afastou os cabelos que caíam sobre sua testa com os dedos. O mais tênue de seus sorrisos malignos brilhou no escuro enquanto ele dizia:— O fracasso não será tolerado, você sabe disso.— Dane-se! — Laion rosnou. Preferia assumir uma missão de verdade, classe S, do que esse trabalho
Amara escapou imediatamente para a sacada assim que saiu do quarto. Precisava de ar.O vento noturno a despertou ligeiramente. Suspirou.Céus... a luxúria realmente atrapalha as pessoas!Ela quase havia tentado se aproveitar de Pitter enquanto ele dormia!Que loucura foi essa?!Graças ao céu, ela voltou a si a tempo e impediu aquele impulso insensato. Ter um "repolho" tão irresistível ao alcance das mãos e não poder tocá-lo era uma tortura... perigosa demais.Enquanto se amaldiçoava silenciosamente pela imprudência, o celular vibrou no bolso de sua calça.Uma nova mensagem de texto de Annie.Amara, agora um pouco mais calma, desbloqueou o telefone.[Annie: Você ainda está aí?]Ela respondeu na mesma hora: [Sim, o que houve?][Annie: O humor do chefe ultimamente está muito, muito, muito ruim!]Amara franziu a testa. Três vezes "muito"? Isso não era bom.[O que aconteceu?] ela digitou rapidamente.[Annie: Acho que o chefe está irado com você, irmã Amara!]A resposta decepcionou. Esperav
Depois de acomodar o grande coque, Amara começou a colocar o pequeno Théo para dormir.O coelhinho queria ouvir Amara cantar.No final, mesmo depois de Amara ter cantado algumas músicas que agradaram o coelhinho, ele a encarava sem qualquer intenção de adormecer."Você não está com sono? Quer que eu lhe conte uma história?", perguntou Amara.Théo balançou a cabeça.Amara tocou o queixo, pensativa:"Você ainda quer que eu cante?"Théo assentiu."Você não gostou do que eu acabei de cantar?" Amara perguntou de novo.Théo voltou a assentir.Amara entendeu:"Então... vou mudar para outra música?"O pequeno coelhinho concordou outra vez, visivelmente ansioso por isso, embora com um certo medo de se decepcionar.Amara pensou por um instante e então começou a cantar:"Durma, durma, meu querido bebê, as mãos da mãe irão acariciá-lo levemente..."Depois de mudar para essa música, Théo ficou visivelmente feliz. Aconchegado nos braços de Amara, ele fechou os olhos.Amara acariciou a cabeça do peq
No quarto de Théo.Amara segurava o pequeno pão com força, enquanto seus pensamentos especulavam descontroladamente sobre a "Operação Roubo de Pão".Mesmo tendo ganhado um pouco mais de tempo, no fim, ela ainda teria que se separar do coelhinho. Ela queria desesperadamente pegar o coelhinho e fugir agora mesmo!Enquanto estava perdida em pensamentos, uma voz profunda a tirou do devaneio:"No que você está pensando?""Roubo de pão!" Amara respondeu sem pensar."Haha!" o homem riu.Foi então que Amara percebeu que era Pitter quem falava com ela. Ela olhou para cima, alarmada.Acabou tudo! Ela realmente havia contado seu plano imperdoável!"Ambos?" Pitter perguntou com um tom misterioso.Amara ficou se perguntando o que ele quis dizer, até que entendeu — e corou.O grande gênio estava perguntando se ela queria roubar o pão grande e o pão pequeno! Que astúcia!Bem, na verdade… ela queria sim.Pitter parou de provocá-la e ordenou:"Vamos.""Ir…?" A expressão de Amara escureceu.Finalmente
Último capítulo