A noite estava silenciosa, mas o pensamento de Valentina era um redemoinho. O bilhete encontrado no livro queimava em sua mente como uma ferida recém-aberta. “Verona, 1997.” Três palavras. Um local, uma data — e um abismo de dúvidas.
Ela não conseguia dormir. A cada batida do relógio, a certeza aumentava: havia coisas sobre seu pai, Domenico Mancini, que ela nunca soubera. Segredos enterrados sob a fachada de nobreza e orgulho familiar. E agora, aquilo estava voltando para assombrá-la.
Ao amanhecer, ela já tinha um plano.
Valentina entrou na sala de segurança da mansão sem bater. Francesca estava lá, como sempre, revisando imagens das câmeras, digitando códigos em um terminal.
— Preciso ir a Verona — disse, direta.
Francesca a encarou com um leve franzir de testa.
— Algum motivo em particular?
— Pessoal.
— Nada é pessoal neste mundo, senhora Moretti.
— Não é assunto da família Moretti. Ainda não. E não vou sozinha.
Francesca hesitou por um segundo antes de fechar o monitor c