— Alô? — repetiu César, a voz firme do outro lado da linha.
Mas Paloma não conseguiu responder. O choro, até então contido a duras penas, se derramou sem aviso, soluços engasgados que a sufocavam. Apertou o celular contra o ouvido, os dedos tremendo, enquanto tentava controlar a respiração. Impossível.
Do outro lado, houve silêncio. Silêncio que parecia pesar toneladas. Então, a voz dele surgiu, mais baixa, quase hesitante:
— Paloma…? O que aconteceu?
Ela tentou falar, mas as palavras se atropelaram na garganta.
— Eu… eu não aguento…
— Não aguenta o quê? — A pergunta veio rápida, urgente, carregada de algo que não combinava com o tom frio e calculista que costumava usar. — Fale comigo.
Ela respirou fundo, ou tentou. Mas a voz ainda saía entrecortada pelos soluços.
— Essas pessoas… essas mulheres…
— Que mulheres? — ele interrompeu, impaciente.
— Acho que não são só as mulheres… é todo mundo em Cabeceiras… — ela fungava, chorando enquanto falava, as palavras embaralhadas pelo pranto.
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