Paloma ainda estava sentada na cama, a mesma em que havia passado quase todo o dia, quando a porta se abriu. Seus olhos correram pelo quarto: o abajur ligado espalhava uma luz amarelada, revelando o lençol amassado e os travesseiros ainda úmidos de lágrimas. Ela ajeitou os cabelos com pressa, mas sabia que estava com o rosto marcado, o vestido simples amarrotado.
César entrou, carregando uma pequena caixa nas mãos. Parou diante dela, firme, mas com um certo desconforto estampado no olhar.
— Trouxe isso — disse ele, estendendo a caixa como se fosse uma bandeira de trégua, seu tom de voz contido, quase formal.
Paloma estreitou os olhos, a desconfiança endurecendo seus traços já cansados.
— O que é? — sua voz saiu áspera, desgastada pelo choro.
— Chocolates. — respondeu rápido, como se tivesse decorado a frase. — Minha mãe disse que gestantes ficam mais sensíveis… e que um doce pode ajudar.
Paloma ergueu a sobrancelha, sem esconder a surpresa amarga que sentiu.
— Então é receita de Dona