O ar no apartamento ficara pesado, impregnado pelo som abafado de objetos sendo empacotados. Paloma sentia cada batida do seu coração como um tambor solitário contra suas costelas. Os homens continuavam seu trabalho silencioso, empilhando caixas com a eficiência fria de quem apenas cumpre ordens, alheios ao nó de desespero que se apertava no peito dela.
Seu lar, por mais modesto que fosse, o último refúgio que carregava seu cheiro e suas memórias, estava sendo sistematicamente desmontado diante dos seus olhos.
Cada caixa fechada era um pedaço de sua independência sendo selado com fita adesiva.
— Você não tinha o direito — ela sibilou, a voz um fio de som carregado de fúria impotente, virando-se para César como se ele fosse a única fonte de gravidade naquele caos. — Isto é a minha casa!
Ele se aproximou com aqueles passos firmes e medidos que pareciam marcar o ritmo do universo dele, ignorando a indignação que ela projetava como um escudo. Havia algo profundamente perigoso e, para sua