POV Salvattore Bianchi
Três meses.
Noventa e dois dias.
Dois mil duzentos e oito intermináveis momentos de saudade.
Era assim que Salvattore contava o tempo agora. Desde que recebera a foto do filho, não havia mais nada. Nenhuma nova carta. Nenhum sinal de Rafaella. Nada além daquela imagem gravada na retina e no peito — Máximo, ainda recém-nascido, com os olhos de pedra azul e o nariz afilado como o dele.
Aquela foto já estava amassada de tanto ser tocada. Dormia com ela e quando acordava a colocava no bolso do paletó. Sonhava com ela. Respirava por eles.
Naquela manhã, estava sentado em sua cadeira de couro, no escritório silencioso da casa de campo onde passara a se esconder dos olhares da Máfia. Os negócios continuavam, mas a chama dentro dele estava apagada.
O tempo não curava e nem amenizava aquela dor.
Só deixava as perguntas gritarem mais alto.
Será que Máximo já deu o primeiro sorriso? Será que Rafaella está bem? Ela ainda me ama? Ele me reconheceria? Reconheceria minha voz ?