POV: Rafaella Ferraro
Eu não queria vê-lo.
Não podia.
Não ainda.
Era mais fácil fingir que Salvattore não estava de pé novamente, que aquela cena no hospital nunca aconteceu, que a sombra de dúvida em seus olhos não tinha me dilacerado como uma adaga. Mas não havia como apagar a lembrança. E ela vinha toda vez que meu coração batia — acelerado, perdido, ressentido.
Chiara tentava conversar. Matteo ligava. Até Erich, sempre tão protetor comigo, me olhava com aquele misto de preocupação e frustração, tentando encontrar um jeito de me alcançar.
Mas ninguém entendia.
Naquela tarde, eu estava sozinha na casa do meu irmão, sentada no sofá com uma manta sobre as pernas, tentando me convencer de que tudo ficaria bem.
Foi quando a porta se abriu sem aviso.
E o veneno caminhou até mim.
— Oi, Rafaella — disse Valentina com a voz mais doce do que o habitual. — Eu precisava te ver. Precisava te explicar.
— Não tem nada que me interesse vindo da sua boca — respondi com frieza, sem levantar o olhar.