O silêncio que se seguiu não era um silêncio comum. Era o tipo de vazio que engole até o som da própria respiração. A guerra seguia em algum lugar além deles, com uivos, gritos, rosnados e o estrondo de corpos se chocando, mas, para Rebecca, tudo aquilo soava distante, abafado, irrelevante. O mundo inteiro parecia ter se reduzido ao peso do corpo de Danilo entre os braços dela.
Ele não se mexia.
Os olhos estavam semicerrados, as pupilas perdidas em um lugar onde ela não conseguia alcançá-lo. O sangue continuava escorrendo do ferimento aberto no peito, lento, insistente, como se se recusasse a aceitar que já tinha dado o bastante. A pele dele começava a perder a cor, e a mão que antes apertava o braço dela com força agora pendia sem vida.
Rebecca sentiu o ar falhar nos pulmões.
Não fazia sentido.
Ela tinha gritado.
Ela tinha chamado pela lua.
A luz tinha descido.
E, ainda assim, ele continuava ali, entre a vida e um abismo que parecia se escancarar mais a cada segundo.
O chão sob seus