O dia seguinte amanheceu abafado demais, estranho demais, com nuvens pesadas cobrindo o céu, como se até o clima soubesse que algo estava fora do lugar. Caminhei até a casa principal da matilha com a cesta de pão que minha mãe tinha preparado. A rotina parecia a mesma, mas, por dentro, nada estava igual. Desde a noite da caçada, a lembrança do olhar de Danilo não saía da minha mente. Aquela faisca, rápida, quase invisível , mas que queimava em mim mais do que qualquer palavra fria que ele tivesse jogado.Enquanto atravessava o pátio, percebi que alguns rostos se viraram em minha direção. Murmúrios começaram a se espalhar, abafados, mas suficientes para me deixar desconfortável. Não era novidade que falassem de mim. eu sempre fui a filha da viúva, a garota da família Silva, aquela sobre quem pairavam expectativas estranhas. Mas havia algo diferente no ar.Sentei-me num dos bancos de pedra, tentando ignorar. Logo, Clara se aproximou com o sorriso venenoso que eu já conhecia bem. Já que
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