A lua cheia se erguia por trás das montanhas como uma velha amiga, iluminando a clareira onde a nova geração corria entre árvores e risadas. O canto dos lobos ecoava ao longe — não como chamado de guerra, mas como celebração. Era um som leve, um ritual de paz que eu ajudara a construir vinte e cinco anos atrás.
Sentei-me sobre uma pedra plana, sentindo o vento brincar com meus cabelos loiros, agora marcados por fios prateados que brilhavam sempre que a lua me tocava. Às vezes eu achava que ela me reconhecia — filha, escolhida, Luna ancestral.
E eu sorria com isso.
Senti quando um peso familiar encostou nas minhas costas.
Danilo.
Mesmo depois de tantos anos, o tempo parecia ter medo de tocá-lo. O corpo dele continuava forte, as cicatrizes ainda falavam histórias que só eu sabia ler, e seus olhos verdes… aqueles olhos ainda incendiavam tudo que miravam. Mas agora havia paz neles.