No dia do seu 18º aniversário, sob a primeira lua cheia, Rebecca da Silva descobre o que sempre temeu e desejou, o Danilo Fernandes, o imponente alfa da matilha, é o seu par destinado. Mas em vez de aceitá-la, ele a rejeita diante de todos. Humilhada, quebrada e sem chão, Rebecca foge, jurando nunca mais olhar para trás. Só que a ausência dela corrói Danilo. O alfa começa a definhar, sua matilha perde forças e inimigos surgem para tomar o que é dele. Enquanto isso, Rebecca tenta refazer a vida em outra cidade, mas não pode escapar do chamado da lua… nem do laço que a prende ao homem que a destruiu. Agora, entre guerras de matilhas, segredos de sangue e um destino que nenhum dos dois pode controlar, Rebecca precisa decidir se volta para salvar Danilo ou se deixa o alfa que a rejeitou morrer com sua própria dor. Um romance sobrenatural cheio de rejeição, paixão e redenção. Ideal para fãs de lobisomens, rejeição e reencontros intensos.
Ler maisA brisa fria da manhã correu pela minha pele, como se me beijasse, quando pisei descalça na grama molhada de orvalho. O ar da floresta sempre me pareceu mais vivo ao amanhecer, como se cada árvore respirasse comigo, como se cada folha carregasse um segredo que só eu podia ouvir.
E eu gostava de pensar isso.
Que erámos amigos.
Eu me abaixei perto do riacho e mergulhei as mãos na água gelada, sentindo os dedos latejarem. Aquilo me fazia despertar de verdade, me lembrava que eu estava viva e que algo dentro de mim ansiava por muito mais do que a rotina que eu conhecia.
Mas também me fazia me lembrar da voz da minha mãe. Ela vivia dizendo que uma garota prestes a completar dezoito anos não deveria vagar sozinha pelo território, apesar de seguro ainda poderia ser perigoso. Mas eu nunca consegui ficar presa. Talvez fosse teimosia, ou talvez fosse essa inquietação constante que crescia em mim, como se houvesse uma voz sussurrando de dentro da pele.
Enquanto voltava para casa, eu ouvia os sons familiares do treino dos guerreiros. O baque dos corpos contra o chão, o estalar de músculos em movimento, a respiração pesada dos lobos em forma humana. Parei por um instante para observar. Eu não era a mais alta nem a mais forte entre os jovens da matilha. Tinha apenas um metro e sessenta e sete, cabelos longos castanho-avermelhados que insistiam em cair sobre meu rosto, e olhos que minha mãe dizia herdarem o brilho prateado da lua. Eu nunca me achei especial. Não passava de uma garota magra, com sardas discretas espalhadas pelo nariz e pela pele clara demais, que sempre queimava rápido ao sol.
Eu nem ao menos parecia uma hibrida.
Mesmo assim, algumas cabeças se viraram na minha direção. Eu fingi que não percebia, apertando a blusa simples contra o corpo e acelerando o passo. Estava cansada de ser observada como se fosse um mistério prestes a se revelar.
O que me incomodava de verdade, no entanto, não eram os olhares dos outros jovens. Era o dele.
Danilo Fernandes.
O alfa da matilha.
Ele estava encostado na beira da arena de treino, braços cruzados sobre o peito largo. Alto, muito mais alto do que qualquer homem que eu já tinha visto , quase dois metros de altura, cabelos negros cortados curtos, barba sempre por fazer que só realçava o maxilar quadrado. O olhar âmbar, intenso e penetrante, parecia iluminar e queimar tudo ao mesmo tempo. A tatuagem tribal que se estendia do ombro até parte do peito ficava visível quando ele treinava sem camisa, um símbolo da linhagem que todos temiam e respeitavam.
Gritava alfa por todos os lados.
Eu não deveria reparar nele. Mas era impossível. O corpo musculoso, forjado em batalhas, a presença dominante, a postura ereta que fazia qualquer um abaixar a cabeça quando ele passava. Era o tipo de homem que parecia carregar o peso do mundo sem jamais se curvar.
Mas o que me perturbava não era a imponência de Danilo, não era o grito do alfa. Era a forma como, às vezes, seus olhos se prendiam em mim. Não havia ternura naquele olhar. Não havia simpatia. Era algo frio, como se eu fosse um erro, um problema que ele ainda não sabia como resolver.
— Rebecca! — a voz da minha mãe ecoou da porta de casa. — Venha ajudar com a lenha.
Respirei fundo, forçando os pés a se moverem para longe do campo. Ainda senti, porém, os olhos dele queimando minhas costas, como se pudesse atravessar a minha pele.
À noite, enquanto todos se reuniam ao redor da fogueira, risadas e histórias preenchiam o ar. Eu ouvia mais do que falava, abraçando os joelhos junto ao peito, tentando parecer invisível. Mas a sensação voltou. O peso daquele olhar.
Levantei os olhos sem querer.
E lá estava Danilo, do outro lado do fogo, observando-me em silêncio. Os braços ainda cruzados, a expressão séria, o olhar âmbar fixo em mim.
Meu coração falhou uma batida.
Senti um arrepio subir pela espinha, como se a própria lua tivesse escolhido aquele instante para me lembrar de que nada seria como antes.
A estrada parecia não ter fim. Andei dias inteiros, sem olhar para trás, até que as colinas e as florestas que eu conhecia ficaram pequenas demais na minha memória. Quando meus pés tocaram o chão de asfalto da cidade, percebi que não havia retorno. Eu não era mais a garota da matilha, não era a filha da linhagem antiga. Eu era apenas Rebecca.Ou pelo menos, tentava ser.A cidade tinha um cheiro diferente, pesado, misturado de fumaça, gasolina e gente. Não havia o perfume da floresta, nem o som dos lobos à noite. Só buzinas, passos apressados e vozes desconhecidas. Pela primeira vez, ninguém me olhou como se soubesse o que eu era. E essa liberdade me assustava tanto quanto me aliviava.
Desde a noite em que a rejeitei diante da matilha, não houve silêncio dentro de mim. O salão ainda ecoava em meus ouvidos, não pelas palavras que pronunciei, mas pelo grito abafado que ficou preso no meu peito.Rebecca. Gritou meu lobo bravo comigo.Jamais poderia amar você.Repito essa frase todas as noites, como se fosse uma oração capaz de me convencer. Como se repetir fosse suficiente para calar a verdade que lateja nas minhas veias. Mas não funciona. Quanto mais digo que foi o certo, mais sinto o vazio me rasgar por dentro.Meu corpo não é mais o mesmo. O peito arde, como se tivesse sido atravessado por garras invisíveis. O coração lateja num ritmo irregular, e há um peso nos meus ossos que me deixa cansado, como se eu tivesse treinado horas seguidas. Mas o que mais me assusta não é a dor que consome meu corpo. É a sensação de incompletude. Como se metade de mim tivesse sido arrancada quando pronunciei aquelas palavras.A mão direita não para de tremer. Tento disfarçar, fecho o p
A madrugada parecia não ter fim. Eu vaguei pela floresta até minhas pernas não suportarem mais, até o ar frio cortar minha pele como lâminas de gelo. Quando finalmente desabei no chão, abraçando os joelhos contra o peito, o silêncio da noite se misturou ao som dos meus soluços. A terra estava úmida, e o cheiro forte da vegetação molhada parecia impregnar minha alma, como se quisesse gravar aquele momento em mim para sempre.Cada lágrima que escorria pelo meu rosto queimava, não apenas pelo sal contra a pele, mas porque carregava um pedaço de mim que eu nunca mais recuperaria. A rejeição não foi apenas uma palavra cruel, dita diante de todos. Foi uma ferida aberta, profunda, que sangrava dentro de mim sem parar.Ele puxou o laço que nos ligava até quase arrancar totalmente de dentro da minha alma.O vínculo que a lua havia revelado me puxava em direção a Danilo, mas ele o tinha cortado com um único golpe. Eu sentia a ruptura não apenas no coração, mas também no corpo. Meu peito ardia,
O salão da casa da matilha estava tomado por um silêncio estranho, pesado, um silêncio quase fora do lugar, como se todos já soubessem o que estava prestes a acontecer. Eu ainda sentia a energia da lua queimando dentro de mim, me dando boas vindas. Como se minha loba acordava de um sono gostoso. Meus olhos ardiam e cada músculo latejava, mas, pela primeira vez, eu não sentia medo da dor. Sentia apenas o vínculo.A presença de algo que estava lá, mas dormia.Ele estava lá.Danilo.O alfa.O nosso alfa intocavel. Seus olhos âmbar encontraram os meus quando entrei. Por um segundo, eu jurei que havia algo neles, algo que me puxava, que me reconhecia como igual, não como sua propriedade. Meu coração acelerou. Eu queria acreditar. Eu queria tanto acreditar.Por um milésimo eu acreditei.As conversas cessaram, todos os olhares se voltaram para nós. Alguns sussurros atravessaram o ar, murmurando o óbvio, a ligação havia se revelado. O alfa e sua Luna foram revelados pela lua.Dei um passo à
O céu daquela noite parecia mais próximo da terra, como se cada estrela tivesse descido só para testemunhar o que estava prestes a acontecer. Estava tão lindo. A lua, ainda escondida atrás das nuvens, pulsava como um coração silencioso. Eu sentia cada batida, cada vibração atravessando meu corpo como se fosse feito de cordas prestes a se romper.Tentei sorrir quando Clara passou por mim no salão, radiante com o vestido vermelho justo, como se já fosse a escolhida.Nossa luna.Os cochichos dos outros não paravam, e todos os olhares carregavam expectativa. Mas nada disso me importava de verdade. O que me incomodava era essa sensação em meu peito, esse calor que subia como fogo líquido pelas minhas veias.Calor. Fogo e Desejo.Saí para a varanda para respirar. O ar fresco da floresta entrou pelos meus pulmões, mas não trouxe alívio. Pelo contrário, parecia acender ainda mais o fogo dentro de mim.— Rebecca? — minha mãe apareceu logo atrás, pousando a mão no meu ombro. — Está sentindo alg
O céu daquela noite parecia mais próximo da terra, como se cada estrela tivesse descido só para testemunhar o que estava prestes a acontecer. Estava tão lindo. A lua, ainda escondida atrás das nuvens, pulsava como um coração silencioso. Eu sentia cada batida, cada vibração atravessando meu corpo como se fosse feito de cordas prestes a se romper.Tentei sorrir quando Clara passou por mim no salão, radiante com o vestido vermelho justo, como se já fosse a escolhida.Nossa luna.Os cochichos dos outros não paravam, e todos os olhares carregavam expectativa. Mas nada disso me importava de verdade. O que me incomodava era essa sensação em meu peito, esse calor que subia como fogo líquido pelas minhas veias.Calor. Fogo e Desejo.Saí para a varanda para respirar. O
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