O frio era quase vivo ali embaixo.
Não o tipo de frio que faz o corpo tremer, mas aquele que penetra pelos ossos e se aloja no peito, onde o coração deveria bater em paz.
A masmorra ficava sob a antiga casa do conselho, construída há séculos, quando a guerra entre as matilhas ainda deixava rastros de sangue em cada parede.
As pedras estavam úmidas, cobertas de musgo. O ar tinha cheiro de ferro e solidão.
Desci as escadas em silêncio, o capuz cobrindo o rosto, as mãos escondidas dentro do manto.
Do lado de fora, ninguém sabia que eu havia saído.
A vigília trocava de turno antes do amanhecer, e aquele era o único momento em que a entrada ficava vulnerável.
Eu sabia o caminho porque a loba o mostrara em sonho e porque o coração me conduzia com precisão de bússola.
Cada passo ecoava baixo, como se a própria terra sussurrasse advertências.
Mas nada me faria voltar.
As tochas nas paredes tremulavam, e as sombras pareciam se mover por vontade própria.
No fundo do corredor, havia uma porta de