Vim passar o verão. Queria descansar. Ficar um tempo com minha melhor amiga. Não cair nos braços do pai dela. Mas no momento em que o Alfa Damon me olhou, eu soube que estava perdida. Ele não me viu como uma hóspede. Ele me viu como dele. Para controlar. Para destruir. Para marcar. Agora, não consigo respirar sem pensar nele. Não consigo dormir sem sentir as marcas que ele deixou na minha pele. Ele não me esconde mais. Ele quer que o mundo saiba: eu sou dele. Eu era inocente. Eu era dela. Agora, pertenço ao homem que jamais deveria ter me tocado.
Ler mais~Lyra~Eu não sei que tipo de demônio ancestral possuía o Marcus naquela noite, mas o jeito como ele se inclinou na minha direção, como se estivéssemos prestes a viver um momento fofo de filme, nostálgico, onde ex-namorados se reencontram sob luzes de festa e fingem perdão... juro, o meu corpo rejeitou na hora.Ele estava ali, na minha frente, a centímetros de mim, a respiração dele batendo no meu rosto como se fosse tentação e trauma misturados. Aquele sorrisinho idiota tinha voltado, os olhos semicerrados como se achasse que aquilo era preliminar. Como se eu ainda o quisesse. Como se dois anos de dor e humilhação fossem só o aquecimento para um grande beijo de reconciliação.Fiquei paralisada, o coração batendo como se quisesse pular do peito e fugir pela porta da frente. Mas aí a mão dele subiu, e eu surtei.Não.Eu detonei.Dei um tapa.Mas um tapa.Como se meus ancestrais tivessem subido até a palma da minha mão e dito:— Vai, filha. Sirva quente.A festa inteira congelou.A músic
~~Lyra~~No momento em que Marcus entrou pela porta da frente como se fosse dono do oxigênio, juro por tudo que a casa inteira mudou. Sério. A música baixou, as luzes pareceram esquentar, até o maldito ar ficou esquisito e pesado, como se o próprio universo estivesse se preparando para o meu colapso emocional.E eu?Fiquei ali, parada, feito uma perdedora deslumbrada em saltos altos demais para a minha alma, agarrando o copo vermelho como se estivesse cheio de água benta, e não de ponche vagabundo com gosto de vodka rala, encarando ele como se tivesse acabado de ver um demônio saindo do meu passado, usando perfume caro e um sorrisinho arrogante.Meu Deus.Era ele.O maldito do Marcus Adesina.O meu ex.O garoto que arruinou a minha vida. Aquele que fez eu duvidar de absolutamente tudo em mim — das minhas coxas aos meus valores, passando pela dúvida cruel de se eu era ou não digna de ser amada.O mesmo garoto que me fez sentir vergonha por não querer transar com ele, e que, na semana se
~~Lyra~~Estávamos na cozinha dez minutos depois, mangas arregaçadas, panela no fogo, e eu picando cebola como se ela tivesse insultado a honra dos meus ancestrais. O cheiro de tomate fritando subia no ar e a minha pressão também.Tasha fazia aquele negócio irritante de dançar com a colher como se estivesse num clipe, virando as tranças como se não tivesse acabado de me dar uma rasteira emocional.Fiquei encarando ela.Pisquei.E disparei:— Como é que você conseguiu convidar o Marcus, aliás? Ele não tava em outro país, sei lá? Juro que semana passada ele postou uma foto com aquele relógio Cartier falso e um fundo de poeira vermelha.Tasha nem levantou os olhos da panela.— A gente tem se falado por mensagem.Deixei a faca cair.— Você tem o quê?Ela deu de ombros.— A gente se fala de vez em quando.— Você tá trocando mensagem com o meu ex?!Ela mexeu o ensopado, plena como uma nuvem.— Uhum. Ele me mandou mensagem faz um tempo. Disse que ia voltar pra cidade. Eu comentei que talvez
~Lyra~— Você só pode estar de brincadeira! — Gritei.Levantei tão rápido que o banco arrastou no piso com um guincho, quase tombando, enquanto eu apontava um dedo trêmulo e acusador direto para a testa dela como se estivesse prestes a lançar uma maldição.— Você convidou o Marcus? Tipo, o Marcus Marcus? O meu Marcus? Aquele que acabou com a minha vida e ainda teve a cara de pau de pedir uma selfie depois de me deixar em pedaços?Tasha apenas piscou, mastigando a torrada como se não tivesse acabado de detonar uma bomba de trauma bem no meio da minha cozinha. O rosto dela estava casual demais para alguém que tinha acabado de arrastar minha dignidade pela rua com um convite para festa.Eu já estava entrando em colapso.— Tasha! Você não se lembra do que aquele garoto fez comigo? Não se lembra de como ele me insultou porque eu não quis dar a minha virgindade pra ele? Você está maluca? Porque eu me lembro de tudo! Eu me lembro da forma como ele me olhou, como se eu fosse um produto com def
~Lyra~Pisquei. Forte demais.— O quê? Não. Estou agindo totalmente normal. Isso é o meu normal. Essa sou eu, exatamente assim.Os olhos dela se estreitaram ainda mais.— Hmmm.Ai, meu Deus.— Hmmm...Para de me "hmmmm"-ar!Ela se inclinou um pouco pra frente, apoiando os cotovelos no balcão, com aquela voz baixa de quem está prestes a dar um sermão.— Você... está mentindo pra mim?Bang.Foi o suficiente.O meu corpo me entregou na hora.Meus dedos tremeram, o joelho bateu na perna do banco e a garrafa d’água que eu tinha acabado de pegar pra acalmar o pânico decidiu me trair em público. Inclinei rápido demais, errei o tempo e quase me afoguei ali mesmo. Um ataque de tosse me pegou de surpresa quando a água gelada desceu pelo tubo errado, entrou no nariz e foi direto pro meu lóbulo frontal.Bati a garrafa na mesa, engasgando, tossindo, ofegando como um liquidificador possuído, os olhos lacrimejando, a garganta em chamas, o peito subindo e descendo como se eu tivesse acabado de fugir d
~Lyra~Ela se endireitou, enxugando uma lágrima do canto do olho, ainda rindo como se tivesse acabado de aplicar a pegadinha mais cara do mundo. A risada dela tinha aquele tom agudo e ofegante — um caos que vinha das entranhas, como se ela estivesse completamente descontrolada e radiante, pronta para me destruir emocionalmente antes mesmo do café da manhã.— Você precisava ver a sua cara. — Disse ela, engasgando entre os suspiros. — Parecia que ia cagar e chorar ao mesmo tempo. Uma princesa da Disney constipada no meio de um colapso. Achei que você fosse desmaiar, vadia. Tipo, cair dura e aterrissar no próprio pecado.Eu pisquei de novo. Queixo caído. Alma ausente. Orgulho ligado nos aparelhos.— Haha. — Disse com rigidez. — É. Claro. Super engraçado. Coisa de melhores amigas. Amei. Uma piada caríssima, emocionalmente, mentalmente, espiritualmente... mas beleza. Vamos rir. Vamos todos ha-ha-ha pelo buraco emocional que você abriu na minha alma. Vamos jogar um temperinho de trauma por c
Último capítulo