A noite caiu pesada sobre o território.
O vento soprava cortante, carregando o cheiro de terra molhada e ferro.
O fogo no centro da vila queimava baixo, e as sombras dançavam ao redor como espectros antigos, testemunhas silenciosas do que estava prestes a acontecer.
Eu estava ali, de pé, observando a movimentação dos lobos da matilha, mas sentia como se não fizesse parte daquele lugar.
O ar me rejeitava.
Os olhares me atravessavam como lâminas.
Alguns cochichavam meu nome, outros apenas desviavam o rosto.
Luna, diziam uns, como quem amaldiçoa.
Tentação, diziam outros, como quem teme.
Os anciãos haviam se recolhido, deixando para o conselho menor a tarefa de manter Danilo sob vigilância até o nascer da próxima lua.
Ele estava preso na clareira principal, cercado por estacas e guardas.
O brilho do luar tocava as correntes nos pulsos dele, e a cada vez que eu olhava, tinha a sensação de que o ferro queimava não só a pele, mas a alma.
A loba dentro de mim estava inquieta.
Ele te chama, me