O amanhecer veio silencioso, como se o mundo estivesse cansado demais para acordar.
O abrigo estava vazio.
A fogueira apagada, as cinzas frias.
O lugar onde Danilo dormira ainda guardava a marca do corpo dele no chão.
Olhei em volta e senti o vazio pesar de novo.
Ele se foi.
Por um instante, a vontade de chamá-lo quase venceu.
Mas o orgulho ainda era mais alto.
Não queria admitir o que aquela ausência fazia comigo.
Respirei fundo, vesti a jaqueta e caminhei até a saída da caverna.
O vento estava frio, cortante.
As árvores ainda pingavam as últimas gotas da chuva da noite anterior, e o chão úmido afundava sob os meus pés.
Por todo lado, havia rastros de batalha — galhos quebrados, sangue seco, marcas de garras nas pedras.
A lembrança da noite em que ele me salvou ainda queimava.
E a do beijo, mais ainda.
Você o afastou de novo, murmurou a loba, dentro de mim.
Ele precisava ouvir.
Mas talvez você precise ouvir também.
O quê?
Que o destino não recua. Nem mesmo quando você ten