Mundo de ficçãoIniciar sessãoATUALIZAÇÃO DIÁRIA — Você quer que eu sangre? Quer me machucar? Que seja, Mary. Eu sangro merda, é isso que quer? Mas será que você irá me odiar menos se eu sangrar? — perguntou Darius Evehart. O macho que me chamava de escrava, que me dizia que apenas ele poderia me torturar, seus olhos refletiam algo que nunca vi nele. Culpa. Remorso. Senti vontade de chorar, e quando Darius Evehart inclinou seu rosto em direção ao meu, meu olhar desceu para seus lábios. Eu sabia o que ele faria, eu sabia o que aconteceria e mesmo assim não me desviei. Não recuei. Para meu horror, fechei os olhos e murmurei: — Eu não quero que você sangre. Mary vive há cinco anos sob a tirania de uma alcateia cruel, sonhando com o dia em que seu lobo despertará e a libertará. Mas seu destino é cruel: seu companheiro é Darius Evehart, o príncipe rebelde que destruiu sua família e a condenou à servidão. Agora resgatada pelo assassino da sua alcateia, Mary é forçada a conviver com um homem cruel, possessivo e irresistivelmente sensual. Como resistir ao príncipe Dragão que a toma para si e destrói todos que ameaçam machucá-la? Seu dever era odiá-lo, mas cada parte dela o desejava. E como ela conseguiria lidar com seu segredo sombrio que colocava ambos em perigo?
Ler maisO chicote da Luna estalou em minhas costas! Eu sentia o sangue respingar para os lados, a dor aguda nas minhas costas.
Minha carne parecia estar sendo arrancada. — Vamos, cinco chibatadas não são suficientes, Mary feia? “Mary feia” era como todos me chamavam na alcateia Anoitecer. — Diga, quem pegou o meu doce? — a voz da Luna Isis soou, e eu podia ouvir seus dedos apertando o chicote. Eu estava de joelhos no chão frio do pátio da vila da alcateia. Via os lobos caminhando, fazendo suas tarefas, seus olhares de desprezo e incômodo sobre mim. Era sempre aqueles olhares. Mas no meio deles havia um que não me desprezava: meu pequeno irmão Nico, com seus olhos infantis me olhando com medo e preocupação. Quando a Luna ergueu novamente o chicote, Nico ameaçou dar um passo, mas eu gritei: — Eu comi o doce, Luna! Fui eu! Me castigue! Não precisei implorar mais, e fechei os olhos enquanto era golpeada mais de vinte vezes pela loba. O suor escorria pela minha testa; meu corpo estava trêmulo com a dor que me partia ao meio. Vários minutos depois, quando tudo terminou, a Luna estava ofegante. Eu permanecia de joelhos, minhas mãos no chão frio, meu corpo trêmulo. Ouvi a Luna se aproximar; seus dedos mergulharam em meu cabelo, puxando-o para trás. Em meu ouvido, a loba sussurrou: — Eu sei que não foi você, Mary feia. A Luna me soltou com um chute em minhas costas, e meu rosto bateu contra o chão frio. Tudo ao meu redor se apagou, enquanto a dor me envolvia. . . . Minha boca estava seca, e quando me movi percebi que estava deitada no chão, com apenas a manta como cama. Estava na construção decrépita que, há cinco anos, eu chamava de casa, construída para que eu dormisse longe da casa da alcateia. As goteiras caíam ao nosso redor, e o frio nos castigava. — Finalmente você acordou. — disse a velha escrava Sisi. Ela estava preparando algo na panela velha, na fogueira. Eu era uma escrava, e, segundo a Luna Isis, não merecia eletricidade ou gás, nenhum conforto moderno. — Onde está Nico? — sentei-me em um rompante, todas as lembranças voltando de uma vez. Eu havia sido chicoteada para que Nico não fosse. Sisi olhou para o colchonete fino e velho que eu havia feito para ele. Ele dormia, mas seu rosto estava marcado por lágrimas. Suspirei. — Ele dormiu chorando. Estava preocupado com você e arrependido de ter comido o doce da Luna. — revelou Sisi e colocou a sopa rala no prato. — Ele só tem cinco anos. Não devia ficar arrependido de sentir curiosidade sobre um doce. — falei, minha voz amarga. Sisi caminhou em minha direção e entregou o prato com a sopa. Apenas um caldo com vegetais. — Ele é um escravo. Escravos não têm curiosidades.— ela tentou me corrigir e se sentou em uma cadeira que rangeu sob seu peso. — Ele é filho do Alfa Hunter. Ele não é um escravo. — falei, e minha voz tremia de ódio e dor pelas chibatadas. Eu sabia que a velha Sisi havia colocado alguns unguentos nas minhas costas para curar, mas eu ainda não havia recebido meu lobo, e não havia cura. — Amanhã a marca de companheiros irá aparecer em minha mão. O nome do meu companheiro será o de um alfa que não vai medir esforços para me tirar da escravidão. E então eu irei criar Nico como ele devia ser criado, se não fosse… — falei, mas minhas palavras morreram no ar. Meu sangue fervia ao lembrar. Minha cabeça doía com a lembrança do som grotesco do Shifter Dragão destruindo todos que eu amava. — Coma, Mary feia, e talvez amanhã seu companheiro salvador tire você da escravidão. Ou talvez você descubra que a deusa concedeu um companheiro escravo como você.— Sisi escarneceu. Desviei o olhar para a sopa rala e comi, pensando no amanhecer. Ou melhor, no anoitecer, quando a lua subisse alta no céu e a deusa marcasse o nome em minha mão. . . . A Luna me deu tarefas pesadas durante todo o dia, fazendo-me percorrer toda a enorme casa da alcateia, limpando, lavando, sem permissão para parar nem mesmo para comer. — Não pense que irá escapar daqui apenas porque hoje recebe o seu lobo e seu companheiro. Não me importo com quem ele seja, você será para sempre escrava da alcateia Anoitecer. — Isis jurou e jogou no chão o café que bebia. — Limpe isso, Mary feia. Apenas mais algumas horas para a lua cheia. Horas depois, eu já havia terminado todas as tarefas, e a lua já estava alta. Fazia horas que iluminava o céu. Corri em direção ao pátio, deixando que meu corpo fosse banhado pelo luar. Fechei os olhos. Vamos, deusa Selene, por favor, mude meu destino para que eu mude o do meu irmão. Implorei em minha mente. Então senti o calor percorrer meu braço até minha mão. Olhei para as costas da minha mão direita e um nome queimou: Darius Evehart. Eu quis morrer no mesmo instante. Tão rápido quanto o nome queimou, ele desapareceu. — Qual era o nome, Mary? — Sisi perguntou atrás de mim. Minha boca tremia e meu coração batia descompassado. Eu precisava fugir. Antes que pudesse segurar a mão de Nico, lobos guerreiros surgiram. — A Luna exige que todas as lobas vão para a alcateia agora! Fomos levadas, arrastadas até a enorme construção onde as alcateias se encontraram para debater assuntos. Todas as lobas estavam presentes, e, no centro, cercado de lobos guerreiros com suas armaduras pretas, estava o maior homem que já vi. Seus cabelos castanhos escuros, suas roupas pretas e seus óculos escuros. Ele moveu a cabeça em minha direção assim que cheguei ao recinto. Não… Por favor… ele não. Apertei a pequena mão de Nico. O príncipe Darius Evehart me olhou com desprezo, enquanto seu nome queimava em minha mão novamente ao estar tão próxima dele. Não podia ver realmente seus olhos com os óculos escuros que usava, mas sabia que ele me desprezava. Ele acabara de descobrir que sua companheira destinada era uma escrava. Todos na alcateia Anoitecer me olhavam como se eu fosse um verme, mas eu nem sempre fui. — A deusa Selene só pode estar brincando comigo… — o príncipe Darius anunciou diante de todos na alcateia. Todos na assembleia me olhavam incrédulos. — Já descobriu quem da alcateia Anoitecer é sua Luna, príncipe? — Isis perguntou, sua voz doce e prestativa. O Alfa Thorne estava ao lado da Luna, ambos ansiosos para saber quem era a loba de sua alcateia que iria se tornar a Luna do príncipe Darius Evehart, o Shifter de Dragão que nunca saía do Palácio e era conhecido por queimar qualquer servo que o desagradasse. Dentro de mim, minha loba que se apresentou como Nyra gritou ao vê-lo: Companheiro… Não. Assassino. Assassino da minha alcateia e dos meus pais. O príncipe Darius Evehart se moveu, e eu tive que segurar o impulso de fugir. Ele caminhou em minha direção, e eu ouvia os murmúrios incrédulos, quando finalmente parou na minha frente e cruzou os braços. — Você cheira como uma maldita escrava. — exclamou para mim. — Eu o rejeito como companheiro. — anunciei.Ir comigo? Por que ele tinha que ser tão malditamente teimoso?— Ele disse que desejava privacidade, Darius. Agora, me solte!— esbravejei contra ele e tentei me desvencilhar, mas o macho apenas me encurralou em uma parede atrás de nós.Seu corpo grande me pressionando.O que ele pensava que estava fazendo?Respirei fundo e sem pensar muito, dei uma joelhada com toda a minha força no macho e subi correndo as escadas.Quando olhei para trás, vi Darius tentando subir atrás de mim, mas Kael e Xaylander surgiram no corredor e o seguraram.Seus olhos estavam queimando de raiva e preocupação.Mas eu não poderia pensar nisso agora.Não quando havia uma guerra iminente e segundo a deusa, Darius morreria nela.Avancei pelo corredor em diração ao escritório do Alfa Lewis, a porta estava aberta e o macho estava em pé olhando pela janela.Assim que entrei, ele se virou e eu vi vergonha em seus olhos.O macho pigarreou antes de falar.— Mary...Cruzei os braços e o encarei.— Sim? — não disfarcei mi
POV MARYQuem protegeria aquele macho tão teimoso e arrogante, que acreditava que não precisava de proteção? Essa pergunta se repetia em minha mente, enquanto Darius me encarava, seus olhos de cornalina cintilavam e faziam meu coração bater mais rápido.— Você não precisa ficar sozinha com ele, se ele aceitou a aliança, foi por sua própria sobrevivência, Mary não é uma moeda de troca, Kael.— ele rosnou se virando para o irmão.Kael Everhart engoliu em seco, ele cruzou os braços sobre o peitoral grande, mesmo que ainda não estivesse pesando o que pesava antes, ele ainda era um macho grande e intimidador.Ele estreitou os olhos para o irmão.— Não insinue que eu vendi sua companheira, irmão. Veja bem, a saudade que senti de você durante esses anos já passou. O alfa pediu apenas uma conversa com Mary, não fará mal a ela.— respondeu Kael, sua voz firme.Darius se virou totalmente para Kael e sem pensar duas vezes caminhou até o irmão, eu podia ouvir seu coração batendo mais rápido e a vio
O som do tapa em seu rosto reverberou por toda a cozinha e foi impossível de ignorar os olhares curiosos de Xaylander e Sara, sem considerar os lobos de Lewis que estavam de guarda nas portas. Darius continha uma expressão impassível agora, seus olhos de cornalina não expressavam qualquer emoção.— Está me dizendo que ele não pediu nada em troca? resgatou o seu irmão por pura bondade de seu coração? Quer que eu acredite nisso, Mary? Me toma como um tolo...— Isso não é hora para isso, temos coisas mais importantes para pensar. Se esquece que Kael está nesse minuto negociando uma aliança? Quer mesmo brigar com sua companheira nesse momento?— Xaylander o interrompeu, e a deusa sabia que se ele não o tivesse feito, eu o faria se arrepender por estar insinuando coisas sobre mim.Darius me lançou um olhar afiado e eu lancei outro de volta, Xaylander tocou no ombro do macho e eu aproveitei a oportunidade para me afastar dele, seguindo até o forno onde eu estava cozinhando antes dos machos c
POV MARY— Ele... a machucou? De algum jeito?— sua voz era dolorosa. Eu via que ele estava sofrendo. — Mary, eu queria ter chegado antes... sei que falhei com você. Seus olhos de cornalina me fitavam, eu via as ondas em seus cabelos escuros, seu rosto mais magro e sua barba maior. Via a agonia nos olhos de Darius. Eu queria abraçá-lo, queria beijá-lo, mas a visão de sua morte se repetiu em minha mente como uma adaga em meu coração. Como eu poderia perdê-lo? Como eu poderia mudar aquilo?Não consegui mais encará-lo, e desviei o olhar sentindo-me inútil. Eu havia visto a sua morte, havia visto e não conseguia ver mais nada além disso. Nem quem havia feito isso, como poderia olhar para ele e contar isso? Ou pensar em responder o que ele me perguntava? Se alguém havia me machucado? O que isso importava se ele IA SE MACHUCAR.— Mary... você nem mesmo consegue olhar para mim. Ele a machucou, não foi?— Ele... a machucou? De algum jeito?— sua voz era dolorosa. Eu via que ele estava sofrendo ao
Os olhos de Darius ficaram no tom mais sinistro de vermelho, era como se seus olhos estivessem sangrando. Eu sentia a aura de violência que estava emanando dele. Era sufocante, seu olhar predatório.O alfa Lewis não tinha ideia do que havia acabado de fazer dizendo aquelas palavras para mim. Eu me sentia completamente enojada com aquilo, Mas Darius, ah, ele se sentia compelido a matar.Quando o príncipe ameaçou avançar na direção do macho, eu me coloquei entre os dois.— Não devemos lutar uns contra os outros. Lewis, você disse que eu era importante para sua alcateia, para guiá-los... Não precisamos ser inimigos, todos aqui temos um inimigo em comum, o rei Alfa. Devemos nos unir.— falei e de repente, vários lobos começaram a entra na cozinha, com suas adagas e espadas reluzindo. Suas expressões diziam que eles sabiam o que estava acontecendo e se colocaram ao lado de seu alfa.Minutos depois, outra loba surgiu na cozinha pela porta dos fundos e assim que vi Kael Everhart arregalar os
POV MARYEu estava terminando de colocar a comida no forno, quando ouvi passos e não precisei me virar para saber quem era.Antes mesmo de eu me virar, ouvi os passos do macho atravessando a cozinha.— Mary...— a voz de Lewis soou um pouco cautelosa e seus olhos me fitaram.Ele irá cobrar o que você tolamente prometeu a ele. Temos que fugir daqui o quanto antes! Nyra dizia repetidamente em minha mente.— Lewis. Você realmente o trouxe para mim. Não tem ideia do que isso significa para mim, realmente não tem. — falei e o macho não esboçou uma reação imediatamente.O alfa apenas caminhou em direção balcão onde eu havia usado para preparar os alimentos, seu olhar agora estava baixo.Ele tocou na faca suja e se sentou na cadeira, em seguida levantou o olhar em minha direção.— Na verdade, eu tenho. Sei o quanto significa para você, caso contrário, não teria oferecido seu ventre para mim.Senti um nó se formar em minha garganta.— Sobre isso...— Não pode voltar atrás sobre isso, Mary.
Último capítulo