Mary vive há cinco anos sob a tirania da alcateia mais cruel da região. Sua única esperança é o dia em que despertará seu lobo e encontrará o companheiro destinado a libertá-la da escravidão. Mas a deusa lhe reserva um destino cruel: seu companheiro é ninguém menos que Darius Evehart, o príncipe rebelde que queimou sua alcateia, matou seus pais e a condenou à servidão. Agora ele a resgata, e Mary terá que resistir à atração selvagem que o vínculo impõe. Como confiar em um assassino? Darius não é mais apenas o príncipe cruel de antes ele se tornou algo ainda pior. Darius a sequestra e a leva para sua Torre onde vive isolado da corte do rei. Mary agora é obrigada a viver isolada em uma torre unicamente com o algoz de sua alcateia como companhia. E para seu horror e desejo, o príncipe Dragão parece estar determinado a ganhar seu amor, como se sua vida dependesse disso. O que Mary não sabe, é que depende. Como ela poderá resistir ao desejo terrível que sente pelo assassino de sua família se está isolada com ele em uma torre? E, seja como escrava ou princesa, Mary pertence a ele. Somente a ele.
Leer másO chicote da Luna estalou em minhas costas! Eu sentia o sangue respingar para os lados, a dor aguda nas minhas costas.
Minha carne parecia estar sendo arrancada. — Vamos, cinco chibatadas não são suficientes, Mary feia? “Mary feia” era como todos me chamavam na alcateia Anoitecer. — Diga, quem pegou o meu doce? — a voz da Luna Isis soou, e eu podia ouvir seus dedos apertando o chicote. Eu estava de joelhos no chão frio do pátio da vila da alcateia. Via os lobos caminhando, fazendo suas tarefas, seus olhares de desprezo e incômodo sobre mim. Era sempre aqueles olhares. Mas no meio deles havia um que não me desprezava: meu pequeno irmão Nico, com seus olhos infantis me olhando com medo e preocupação. Quando a Luna ergueu novamente o chicote, Nico ameaçou dar um passo, mas eu gritei: — Eu comi o doce, Luna! Fui eu! Me castigue! Não precisei implorar mais, e fechei os olhos enquanto era golpeada mais de vinte vezes pela loba. O suor escorria pela minha testa; meu corpo estava trêmulo com a dor que me partia ao meio. Vários minutos depois, quando tudo terminou, a Luna estava ofegante. Eu permanecia de joelhos, minhas mãos no chão frio, meu corpo trêmulo. Ouvi a Luna se aproximar; seus dedos mergulharam em meu cabelo, puxando-o para trás. Em meu ouvido, a loba sussurrou: — Eu sei que não foi você, Mary feia. A Luna me soltou com um chute em minhas costas, e meu rosto bateu contra o chão frio. Tudo ao meu redor se apagou, enquanto a dor me envolvia. . . . Minha boca estava seca, e quando me movi percebi que estava deitada no chão, com apenas a manta como cama. Estava na construção decrépita que, há cinco anos, eu chamava de casa, construída para que eu dormisse longe da casa da alcateia. As goteiras caíam ao nosso redor, e o frio nos castigava. — Finalmente você acordou. — disse a velha escrava Sisi. Ela estava preparando algo na panela velha, na fogueira. Eu era uma escrava, e, segundo a Luna Isis, não merecia eletricidade ou gás, nenhum conforto moderno. — Onde está Nico? — sentei-me em um rompante, todas as lembranças voltando de uma vez. Eu havia sido chicoteada para que Nico não fosse. Sisi olhou para o colchonete fino e velho que eu havia feito para ele. Ele dormia, mas seu rosto estava marcado por lágrimas. Suspirei. — Ele dormiu chorando. Estava preocupado com você e arrependido de ter comido o doce da Luna. — revelou Sisi e colocou a sopa rala no prato. — Ele só tem cinco anos. Não devia ficar arrependido de sentir curiosidade sobre um doce. — falei, minha voz amarga. Sisi caminhou em minha direção e entregou o prato com a sopa. Apenas um caldo com vegetais. — Ele é um escravo. Escravos não têm curiosidades.— ela tentou me corrigir e se sentou em uma cadeira que rangeu sob seu peso. — Ele é filho do Alfa Hunter. Ele não é um escravo. — falei, e minha voz tremia de ódio e dor pelas chibatadas. Eu sabia que a velha Sisi havia colocado alguns unguentos nas minhas costas para curar, mas eu ainda não havia recebido meu lobo, e não havia cura. — Amanhã a marca de companheiros irá aparecer em minha mão. O nome do meu companheiro será o de um alfa que não vai medir esforços para me tirar da escravidão. E então eu irei criar Nico como ele devia ser criado, se não fosse… — falei, mas minhas palavras morreram no ar. Meu sangue fervia ao lembrar. Minha cabeça doía com a lembrança do som grotesco do Shifter Dragão destruindo todos que eu amava. — Coma, Mary feia, e talvez amanhã seu companheiro salvador tire você da escravidão. Ou talvez você descubra que a deusa concedeu um companheiro escravo como você.— Sisi escarneceu. Desviei o olhar para a sopa rala e comi, pensando no amanhecer. Ou melhor, no anoitecer, quando a lua subisse alta no céu e a deusa marcasse o nome em minha mão. . . . A Luna me deu tarefas pesadas durante todo o dia, fazendo-me percorrer toda a enorme casa da alcateia, limpando, lavando, sem permissão para parar nem mesmo para comer. — Não pense que irá escapar daqui apenas porque hoje recebe o seu lobo e seu companheiro. Não me importo com quem ele seja, você será para sempre escrava da alcateia Anoitecer. — Isis jurou e jogou no chão o café que bebia. — Limpe isso, Mary feia. Apenas mais algumas horas para a lua cheia. Horas depois, eu já havia terminado todas as tarefas, e a lua já estava alta. Fazia horas que iluminava o céu. Corri em direção ao pátio, deixando que meu corpo fosse banhado pelo luar. Fechei os olhos. Vamos, deusa Selene, por favor, mude meu destino para que eu mude o do meu irmão. Implorei em minha mente. Então senti o calor percorrer meu braço até minha mão. Olhei para as costas da minha mão direita e um nome queimou: Darius Evehart. Eu quis morrer no mesmo instante. Tão rápido quanto o nome queimou, ele desapareceu. — Qual era o nome, Mary? — Sisi perguntou atrás de mim. Minha boca tremia e meu coração batia descompassado. Eu precisava fugir. Antes que pudesse segurar a mão de Nico, lobos guerreiros surgiram. — A Luna exige que todas as lobas vão para a alcateia agora! Fomos levadas, arrastadas até a enorme construção onde as alcateias se encontraram para debater assuntos. Todas as lobas estavam presentes, e, no centro, cercado de lobos guerreiros com suas armaduras pretas, estava o maior homem que já vi. Seus cabelos castanhos escuros, suas roupas pretas e seus óculos escuros. Ele moveu a cabeça em minha direção assim que cheguei ao recinto. Não… Por favor… ele não. Apertei a pequena mão de Nico. O príncipe Darius Evehart me olhou com desprezo, enquanto seu nome queimava em minha mão novamente ao estar tão próxima dele. Não podia ver realmente seus olhos com os óculos escuros que usava, mas sabia que ele me desprezava. Ele acabara de descobrir que sua companheira destinada era uma escrava. Todos na alcateia Anoitecer me olhavam como se eu fosse um verme, mas eu nem sempre fui. — A deusa Selene só pode estar brincando comigo… — o príncipe Darius anunciou diante de todos na alcateia. Todos na assembleia me olhavam incrédulos. — Já descobriu quem da alcateia Anoitecer é sua Luna, príncipe? — Isis perguntou, sua voz doce e prestativa. O Alfa Thorne estava ao lado da Luna, ambos ansiosos para saber quem era a loba de sua alcateia que iria se tornar a Luna do príncipe Darius Evehart, o Shifter de Dragão que nunca saía do Palácio e era conhecido por queimar qualquer servo que o desagradasse. Dentro de mim, minha loba que se apresentou como Nyra gritou ao vê-lo: Companheiro… Não. Assassino. Assassino da minha alcateia e dos meus pais. O príncipe Darius Evehart se moveu, e eu tive que segurar o impulso de fugir. Ele caminhou em minha direção, e eu ouvia os murmúrios incrédulos, quando finalmente parou na minha frente e cruzou os braços. — Você cheira como uma maldita escrava. — exclamou para mim. — Eu o rejeito como companheiro. — anunciei.Sua voz ao ameaçar matar cada lobo da alcateia Anoitecer era cortante. Fria como aço.Seus braços ao meu redor me aqueciam, mas o cheiro de sangue me lembrava de Darius rasgando a garganta daquele macho com os dentes.Havia sangue até em seus cabelos escuros. Seus olhos estavam flamejantes.— Quem? Mary, quem? — ele repetiu entredentes.Pisquei várias vezes, antes de responder:— A Luna Isis. Darius Evehart me levantou da cama, seus braços fortes ao meu redor, ele me guiou em direção a porta.Eu sentia minhas pernas fracas.Fui atingida pelo ar noturno e foi uma benção sentir o aroma das árvores.Darius segurava a minha mão com força, enquanto caminhávamos pela pequena trilha que eu havia feito antes.Seu maxilar estava contraído e sua aura era perigosa.A lua subia alta no céu e apenas os sons da mata eram ouvidos.— Darius... — O chamei e ele inclinou levemente a cabeça.— Como você me encontrou? — porque eu estava fazendo uma pergunta tão idiota como aquela? Eu de
A coleira em meu pescoço queimava a minha pele, o sangue estava grudado e eu me sentia enjoada.A cela escura possuía um odor tão forte de mijo que minha garganta ardia e nas últimas duas horas Nyra não parou de falar. Eles vão chorar sangue quando Volcrys nos resgatar. Eu o ajudarei a arrancar dente por dente de Isis! Ela gritava em fúria em minha mente.Nyra estava delirando com suas fantasias de vingança, preenchendo o silêncio da cela.Nos resgatar? Ele não se importa conosco sua idiota. Somos inúteis para ele. Falei e coloquei a cabeça entre os meus joelhos.Fechei os olhos que ardiam com as lágrimas.Me lembrei dos olhos castanhos de Nico, de suas bochechas rosadas e sua doce voz infantil. Nós nunca nos separamos desde que ele nasceu.Ele deve achar que o abandonei.Eu sentia o meu coração sendo cortado, espremido, estraçalhado...A cada instante que passava, pensamentos horríveis do que poderia estar acontecendo com Nico surgia em minha mente. Eu me sentia complet
É claro que eu já estava acostumada com aquele olhar de zombaria e desprezo. Com o tom de voz que me fazia me sentir inferior.Darius Evehart era desprezível e assassino, mesmo assim, vê-lo me chamar naqueles termos que durante anos me chamaram e humilharam, fez com que algo dentro de mim se retorcesse.A opinião dele não deveria me importar. Respirei fundo.— Você irá resgatar o meu irmão? Eu tenho sua palavra? — Perguntei.Darius caminhou até a cama e se deitou.O macho cruzou as pernas e apoiou a cabeça nos braços, olhando para mim.— Você irá dividir o quarto comigo?— Você mesmo disse que pode me forçar, porque precisa da minha permissão? Darius respirou fundo.— Responda a pergunta, fêmea. Desviei o olhar e murmurei:— Sim...— Iremos amanhã a noite. — ele disse e se levantou. — Por que não agora? Ele é muito pequeno e precisa de mim agora! Se você não tivesse me sequestrado... — gritei, mas Darius ignorou as minhas palavras, caminhando em direção as garrafas d
Seus dentes se afundavam em minha carne, seu corpo musculoso pesado sobre o meu.Eu sentia o sangue descendo pela pele do meu pescoço, pelo meu ombro, ouvia os gritos anestesiados de Nyra em minha mente.Enquanto imagens do céu escuro nublavam a minha visão, eu via o fogo saindo da minha própria boca, mas não era a minha boca.Era a de um dragão.Volcrys. Seu nome era esse.Eu sentia sua fúria, seu desejo por sangue...Eu estava olhando suas lembranças, vilas queimadas, casas, pessoas...Minha alcateia.Minha mente estava se mesclando com as de Darius Evehart e seu Dragão.Eu gritei, minha voz saindo esmagada, meu coração batendo como um louco...Maldito seja você, Darius. O que pareceu uma eternidade depois, o Shifter Dragão saiu de cima de mim. Seu rosto parecia vidrado. Seus olhos ainda estava vermelhos e faziam uma combinação sinistra com o meu sangue em seus dentes afiados de Dragão.Ele me encarou por alguns segundos, enquanto o sangue pingava do meu pescoço.Nyra
Eu sentia minha garganta seca, e o calor me envolvia. O suor descia por minha testa e as lembranças voltaram como uma onda gigante em minha mente. Garras. Me perfurando. O nome Darius Evehart queimando em minha mão. Olhos de Cornalina.E um beijo selvagem...Abri os olhos sobressaltada, apenas para me deparar com um quarto mal-iluminado. Eu estava deitada em uma cama de dossel ampla, lençóis de seda negra me envolviam. — Você dormiu bastante. — a voz masculina me fez virar o rosto de imediato. Darius estava sentado em uma poltrona perto da lareira luxuosa. As paredes eram de pedra e parecia que eu estava em uma torre. Não...a torre do príncipe Dragão. Onde todos diziam que ele vivia isolado.O príncipe fitava as chamas da lareira e usava calças de couro pretas. Seu abdômen tonificado estava visível. Seus braços descansavam despreocupadamente sobre a poltrona, ele segurava uma taça cheia de vinho. Aos seus pés havia duas garrafas vazias de vinho, em seu colo, presa n
Meu coração batia como um louco. Martelando contra as minhas costelas. Enquanto o príncipe Dragão me segurava com mais força contra seu corpo musculoso. Seus olhos faiscando sobre mim. E como se quisesse me provocar, ele inspirou profundamente fechando seus olhos por alguns segundos.Em seguida o macho se inclinou e sussurrou em meu ouvido:— Seu aroma é delicioso, Mary. Retiro o que disse anteriormente, você não cheira como uma escrava. Seu olhar vermelho fixo em cada centímetro de mim fazia Nyra se deliciar em minha mente. Ela clamava por ele, clamava para ser possuída pelo Shifter Dragão. Ele é nosso companheiro. Abrace-o. Beije-o. Ela gritava em minha mente. Companheiro? Assassino. Assassino. Mas mesmo que eu repetisse isso para ela com raiva, quando Darius se inclinou até seu rosto estar profundamente enterrado em meu pescoço, eu senti minhas pernas fraquejarem. — Vamos fêmea, porque resistir ao que eu sinto o cheiro que você quer. Serei gentil...ou quase isso. —
Último capítulo