Capítulo 51

 

A madrugada passou arrastada, pesada, como se o tempo tivesse medo de seguir adiante.
O vento uivava do lado de fora do casarão, e o som da chuva que escorria pelo telhado era o único sinal de que o mundo ainda existia.
Danilo dormia.
Ou pelo menos tentava.

A febre subia e descia em ondas, o corpo dele tremia, o peito arfava de forma irregular. Eu me levantava a cada gemido, trocava as compressas, umedecia os lábios dele com o restinho de água que ainda havia na garrafa.
Não era amor.
Era instinto.
Era culpa.
Era tudo isso ao mesmo tempo.

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