Em sua vida passada, Melanie sacrificou tudo para proteger Bea, sua irmã mais nova — até descobrir que a lealdade de Bea escondia inveja e traição. Apanhada numa teia de mentiras e conspirações, Melanie foi destruída pelas mãos de quem mais amava, morrendo num incêndio orquestrado por seu próprio marido, Karl Gordon, e Bea. Mas o destino lhe concedeu uma segunda chance. Ao renascer no dia do seu 21º aniversário, três anos antes de sua morte, Melanie vê o passado com novos olhos. Desta vez, ela não será uma peça no jogo de ninguém. Recusando-se a repetir os erros que a condenaram, Melanie rompe o noivado com Karl e descobre que seu verdadeiro destino está entrelaçado com Ryan Gordon — o rei Lycan e maior inimigo de Karl. Unida a Ryan por um vínculo ancestral, Melanie se entrega a um plano de vingança para destruir aqueles que a traíram. Mas enquanto as linhas entre aliança e desejo se confundem, segredos do passado e poderes ocultos ameaçam mudar o rumo da sua nova vida. Ela voltou para se vingar... mas será capaz de reescrever o próprio destino sem perder o coração mais uma vez?
Leer másMelanie Pov
Ouço o som de uivos e tiros ressoar por toda a propriedade da nossa alcateia Killmoon, um concerto aterrorizante de destruição que se mistura ao estalar das chamas vorazes. O cheiro acre de fumaça invade minhas narinas, queimando minha garganta, e meus olhos lacrimejam, lutando para enxergar através da névoa espessa que toma os corredores. O calor sufocante me envolve, cada lufada de ar quente parece rasgar meu peito. Meu coração dispara, batendo tão forte que parece ecoar em meus ouvidos, rivalizando com o caos que se espalha ao meu redor.
Cada fibra do meu ser grita por sobrevivência. Meu corpo treme, mas não por medo—pelo menos não apenas por medo. O desespero, a necessidade de proteger a pequena vida que cresce dentro de mim, é o que me mantém correndo, impulsionando minhas pernas, mesmo quando sinto que posso desabar a qualquer momento. Nem tive tempo de contar a Karl, meu companheiro, meu marido, que eu estou grávida.
Meu marido… Será que ele está bem? Será que ele está procurando por mim, tentando me encontrar no meio desse inferno que virou minha alcateia?
Eu mal herdei a posição de alfa aqui em Killmoon após o falecimento de meu pai e essa emboscada terrível aconteceu. Preciso me manter viva pelo bem do meu bebe e do meu marido, preciso encontrá-lo.
“Mel, aqui, entre aqui!”
O som da voz de Bea, minha irmã, corta o caos como um raio de esperança. Meu coração salta, uma onda de alívio percorre meu corpo, aliviando um pouco o terror que me sufoca. Eu a vejo através da fumaça, seus olhos fixos em mim, urgentes, chamando-me para um refúgio seguro.
Sem pensar duas vezes, corro em sua direção. Meus pés descalços arranham contra o chão repleto de cacos de vidro e destroços, mas a dor é um detalhe insignificante agora. Tudo o que importa é alcançar minha irmã. Encontrá-la em meio a esse inferno é uma dádiva. Ela vai me ajudar. Ela vai me salvar.
Assim que me aproximo, Bea estende a mão para mim, puxando-me para dentro de um quarto. O alívio preenche-me, e pela primeira vez desde que a invasão começou, sinto que posso respirar. Mas antes que eu possa agradecer ou perguntar o que está acontecendo, algo acontece. Um estampido ensurdecedor ecoa no cômodo, e um segundo depois, uma dor ardente explode em meu abdômen.
Meu corpo congela. O mundo ao meu redor desacelera, como se tudo estivesse se movendo em câmera lenta. Meus olhos se arregalam, buscando uma explicação, tentando entender a dor lancinante que me rasga por dentro. Levo a mão trêmula até minha barriga, e quando a retiro, meus dedos estão cobertos de sangue quente. Meu sangue. Meu bebê.
“Bea?” Minha voz sai entrecortada, incrédula, frágil. Eu quero acreditar que foi um erro, um acidente. Talvez alguém tenha atirado do lado de fora e a bala me atingiu por acaso. Mas então, eu vejo.
Um sorriso. Não um sorriso de alívio, nem de preocupação. É um sorriso cruel, perverso, carregado de algo sombrio e maligno que nunca antes havia visto no rosto de minha irmã. Meu estômago se revira. Um arrepio gélido percorre minha espinha, contrastando com o calor sufocante do fogo que ruge lá fora. Algo está terrivelmente errado.
Antes que eu possa reagir, outra figura entra no cômodo. Meu coração se enche de uma esperança desesperada ao ver Karl. Meu amor, meu companheiro, a única pessoa que pode me salvar agora. Tento falar, mas minha garganta queima. Meu corpo vacila. Meu bebê… preciso proteger meu bebê.
“Karl…” minha voz sai fraca, mas carrega todo o desespero que me consome.
Ele olha para mim. Mas não há pânico, não há preocupação em seus olhos. Não há amor. Em vez disso, vejo algo que me destroça mais do que a dor do tiro. Desprezo. Um olhar gélido, impiedoso, que faz meu coração se partir em mil pedaços.
“Meu amor, cuidado!” tento avisá-lo, minha mente ainda lutando para juntar as peças, para entender por que Bea me atacou. Mas antes que eu possa me aproximar, antes que eu possa alertá-lo… ele se move.
Karl me chuta. Com força.
O impacto me lança ao chão, e minha cabeça b**e contra o piso de madeira com um estrondo forte. A dor latejante explode em minha nuca e tudo gira ao meu redor. As sombras e as luzes das chamas dançam em minha visão turva. A realidade se despedaça em um turbilhão de agonia e choque.
Não… não pode ser real. Isso é um pesadelo. Precisa ser um pesadelo.
Com esforço, forço meus olhos a focarem novamente. E então vejo. Karl abraça Bea pela cintura, seu corpo pressionado contra o dela, como se fossem amantes. Como se fossem cúmplices. Como se fossem um.
“Conseguimos, minha gatinha!” Karl exclama, sua voz exalando triunfo e prazer. Antes que eu possa sequer processar suas palavras, ele a beija. Não um beijo rápido, não um beijo de desespero em meio ao caos. É um beijo profundo, carregado de desejo.
O gosto amargo da traição se espalha por minha boca. Meu estômago se revira e não sei se é pelo sangue que continuo perdendo ou pelo horror absoluto que me domina.
“Finalmente! Já não aguentava mais!” Bea responde, ofegante, contra os lábios de Karl, seus olhos brilhando com pura excitação. “Agora todo o reino é nosso e você é todinho meu!”
Não… não pode ser. Isso não pode estar acontecendo. Meus pensamentos são um borrão, confusos e desesperados. Tento falar, tento entender, tento respirar.
“O quê? O que está acontecendo?” Minha voz sai fraca, fraturada, sufocada pelo medo e pela dor.
Minhas mãos tremem enquanto tento me erguer, cada movimento enviando uma onda de agonia através do meu corpo. Mas antes que eu possa me colocar de pé, Bea levanta a arma novamente. O brilho metálico da pistola reluz diante das chamas que devoram o ambiente. E então, sem hesitação, sem remorso, ela atira outra vez.
A dor explode em minha barriga novamente, arrancando-me um grito sufocado. Meu corpo tomba para trás, e o chão duro me acolhe como um túmulo frio. Meus dedos se agarram à madeira, tentando encontrar algo, qualquer coisa que possa me manter aqui, me manter viva.
O rosto de Bea paira acima de mim, seus olhos cintilando com uma satisfação sombria.
“Que os deuses te levem, irmã,” ela diz, sua voz carregada de veneno e desdém.
Os dois saem do quarto, me deixando jogada no chão frio, à beira da morte. Meu corpo estremece, tomado por uma dor lancinante que rasga cada fibra do meu ser. Minhas mãos tremem ao pressionar os ferimentos abertos em meu abdômen, numa tentativa inútil de conter o sangue que se recusa a parar. Minha respiração está errática, curta, dolorosa. Cada vez que inspiro, parece que o ar se recusa a preencher meus pulmões.
“Por favor, por favor…” minha voz sai como um sussurro rouco, mal audível no meio do caos que ainda ressoa do lado de fora. Explosões, gritos, uivos, o estalar da madeira sendo consumida pelas chamas. O cheiro de queimado invade minhas narinas, mas está fraco agora, distante, como se eu já estivesse deixando este mundo para trás. “Por favor, me salvem. Deuses, me salvem, por favor. Faço qualquer coisa, apenas salvem a mim e ao meu bebê.”
Mas o silêncio é tudo que recebo. Nenhuma resposta divina, nenhuma mão celestial se estendendo para me tirar dessa agonia. O mundo continua girando, ignorando minha dor, indiferente ao meu sofrimento.
Melanie Pov Me olho no espelho e, por um segundo, meu coração simplesmente para. O reflexo que vejo é como o retrato de um sonho que se materializa diante dos meus olhos. Meu vestido de noiva é de um tom creme suave, como a luz morna do sol atravessando cortinas finas. As mangas longas abraçam meus braços com graça, conferindo um ar etéreo, enquanto o decote em forma de coração parece desenhado exatamente para mim, destacando o colo com uma elegância silenciosa. A cauda longa se espalha atrás de mim como um rastro de névoa encantada.Minha maquiagem é suave, mas poderosa. Realça cada traço meu com precisão amorosa. Os olhos verdes, cheios de emoção, cintilam sob a sombra levemente acobreada. Meus cabelos ruivos estão presos em um meio-coque, adornado com pequenas flores prateadas, deixando algumas mechas soltas que emolduram meu rosto como se quisessem contar uma história por si só.“Você está belíssima, Melanie!” Narumi declara empolgada.“Só precisamos colocar esse colar e você vai
Melanie Pov“Para que estamos aqui?” Faith questiona, irritada, sua voz ecoando dentro da minha mente com uma mistura de impaciência e desprezo.Estamos na prisão onde Bea está sendo mantida, esperando os guardas a trazerem da sua cela para conversar conosco.“Tenho algumas palavras para dizer a ela,” respondo com calma.“Ela não merece ouvir, depois de tudo o que ela fez!” Faith retruca.“Mas eu mereço falar. Eu quero encerrar tudo isso.” Minha voz sai tranquila, mas o peso das palavras é cortante. Não é sobre o que Bea merece. É sobre o que eu preciso. Sobre não carregar mais o peso desse ciclo que me esmaga cada vez que me lembro do que ela fez.Faith bufa com raiva, a energia dela reverberando dentro de mim como uma tempestade contida. E, mesmo assim, não consigo evitar uma risada abafada. Uma parte de mim acha quase reconfortante essa sua revolta leal, protetora, como se ela fosse o grito que não posso soltar.Então, vejo Bea se aproximando. Os guardas a escoltam com rigidez, mas
Melanie pov UM MÊS DEPOIS.“Alfa Melanie, você mandou me chamar?” Devon pergunta, sua voz ressoa com um respeito sincero enquanto permanece à porta do meu escritório.Seu tom é educado, mas percebo um leve nervosismo em sua postura, como se não soubesse exatamente o que esperar dessa convocação. Levanto o olhar e, assim que nossos olhos se encontram, permito que um sorriso amistoso se forme em meus lábios. Faço um leve aceno com a cabeça, convidando-o a se aproximar mais.“Sim, quero conversar com você.” Minha voz sai leve, mas carrega uma firmeza gentil.Como um mês consegue mudar tanto uma pessoa? Olho agora para Devon e vejo seu semblante mil vezes melhor do que era na ilha de Luxverra. Há uma alegria constante, ainda mais que ele tem ficado cada vez mais próximo de Amelie.Devon se aproxima mais e se senta na cadeira de frente para mim, com postura ereta, as mãos apoiadas nas coxas, mas relaxadas o suficiente para mostrar que ele não está em total tensão. Ainda assim, seu semblan
Melanie PovRyan me relata com detalhes tudo o que aconteceu enquanto estive inconsciente, internada na enfermaria da alcateia do Alex. Cada palavra que ele diz carrega o peso dos dias passados, como se cada frase fosse um fardo que ele segura para mim, para me poupar. Mas agora ele precisa dividir isso comigo. E eu preciso ouvir.“Bea já está presa em uma das instalações de segurança do Alex, não tem como ela sair de lá,” Ryan me explica com a voz pesada.Respiro fundo, sentindo um alívio intenso tomar conta do meu peito. Finalmente, Bea vai pagar. Finalmente, a justiça começa a encontrar o caminho certo. Por tudo o que ela fez, por cada momento de terror, de dor, de humilhação. A notícia é como um bálsamo. Um pequeno alívio em meio ao caos.Ryan pega o controle e liga a televisão. A imagem que surge na tela é quase surreal. O noticiário cobre, ao vivo, a retirada de Karl do palácio. Vejo soldados, vejo viaturas, vejo o alvoroço da imprensa. A câmera se fixa no rosto de Karl enquanto
Ryan Pov“Ainda te resta um,” digo com frieza, e minha voz carrega o peso de um juízo final.Meu olhar repousa em Dante. Ele está em frangalhos. Seu corpo treme convulsivamente, as lágrimas escorrem pelo rosto sem qualquer controle, como se o choro tivesse se tornado parte de sua respiração.Ele não é mais o mesmo sujeito altivo que conheci, não é o mesmo filho orgulhoso de Murphy. Agora, é apenas um garoto quebrado diante do cadáver da irmã. A dor está estampada em cada traço do seu rosto, uma dor crua, dilacerante.Os ombros arqueados, o olhar perdido, ele tenta se mover, dar um passo, alcançar o corpo sem vida de Diana. Mas Alex continua firme, o mantém imobilizado com mãos de aço. Dante luta, esperneia, suplica em silêncio com os olhos marejados. Mas tudo o que ele recebe é a resistência inabalável do meu melhor amigo.Murphy lança um olhar incrédulo misturado com ódio. Ele não esperava que eu fosse até o fim. Não esperava que eu fosse realmente fazer isso. Ele subestimou minha fú
Ryan PovO som dos aparelhos hospitalares preenche o cômodo por completo. O corpo frágil e machucado da Melanie está deitado na cama, se recuperando. Tirar a coleira dela e consegui-la tirar da ilha foi uma tortura sem fim para mim.“Os sinais vitais dela estão melhorando, senhor Ryan,” o médico informa sério. “Ela precisa apenas repousar, a conexão dela com a loba será fundamental para a recuperação dela. Precisamos ter apenas paciência.”Concordo com um aceno de cabeça. Não possuo palavras para dizer ao médico. Pego a mão da Melanie, está fria e pálida demais, fecho meus dedos envolta dos seus e sinto seus batimentos.“Companheira.” Vox rosna baixinho em minha mente. “Salva.”Respiro fundo ao ouvir as palavras profundas de Vox. Como pode isso? A fera dentro de mim, que passei ano lutando contra, agora tem uma consciência presente. Tudo graças à Faith meses atrás.“Sim, ela está a salvo.” Respondo com alívio.“Está na hora da gente ir atrás deles e quebrar a maldição,” Logan declara n
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