Sinopse: Amor do Lobo Renegado Exilado de sua alcateia por um crime que não cometeu, Kael vive à margem das florestas, carregando o peso da rejeição e da solidão. Seu espírito rebelde e coração ferido o tornam um lobo renegado, incapaz de confiar em qualquer um — até que um encontro inesperado muda tudo. Lírica é a alfa de uma poderosa alcateia, uma líder destemida que não tem medo de enfrentar ameaças para proteger os seus. Mas por trás de sua força está uma mulher que carrega segredos e cicatrizes tão profundas quanto as de Kael. Quando seus caminhos se cruzam em um momento de perigo, os dois percebem que são mais parecidos do que imaginam, mesmo que seus mundos pareçam opostos. Entre batalhas por território, disputas de poder e verdades ocultas, Kael e Lírica se veem atraídos por um vínculo inegável que desafia as leis da natureza. Mas será que o amor pode curar feridas tão profundas? E Kael terá força suficiente para enfrentar os fantasmas do passado e lutar ao lado de Lírica pelo futuro? Uma história de redenção, força e paixão que prova que mesmo os corações mais selvagens podem encontrar o caminho para casa.
Leer másCapítulo 1: O Uivo na Escuridão
A lua cheia pairava no céu, uma esfera prateada que iluminava a floresta com um brilho fantasmagórico. O vento soprava entre as árvores antigas, carregando o cheiro de terra molhada e madeira queimada. Para Kael, era apenas mais uma noite solitária — o tipo de noite que havia se tornado tão familiar quanto o som de seu próprio batimento cardíaco. Ele caminhava entre as sombras, sua forma lupina quase indistinguível do ambiente ao redor. O pelo negro como carvão o tornava invisível à luz da lua, mas seus olhos brilhavam em um tom dourado que denunciava sua presença para qualquer um que olhasse de perto. Não que houvesse alguém por perto. A essa altura, Kael já sabia que ninguém ousava se aventurar tão profundamente na floresta proibida, um território que até mesmo as alcateias evitavam. Ele não tinha escolha. Como renegado, o exílio era sua única opção. E essa floresta — perigosa e imprevisível — era o único lugar onde ele podia existir sem medo constante de ser caçado. Kael parou junto a um antigo carvalho, suas garras marcando a terra úmida enquanto ele inclinava a cabeça para ouvir. Nada além do silêncio inquietante da noite. Um som que ele conhecia bem demais. Era o som da solidão. Mas naquela noite, algo estava diferente. Um cheiro. Fraco no início, mas crescente. Ele levantou o focinho, inalando profundamente. O aroma era estranho, uma mistura de flores silvestres e ferro. Sangue. Os músculos de Kael se contraíram enquanto ele se movia em direção ao cheiro, seus instintos despertando como se um alarme tivesse soado. O que quer que estivesse à sua frente, ele precisava saber. Depois de minutos seguindo o rastro, ele encontrou a fonte. Deitada entre os arbustos estava uma figura humana, o corpo frágil envolto em uma capa de tecido escuro. Kael se transformou em sua forma humana sem pensar, seus pés descalços tocando o solo frio. Ele se ajoelhou ao lado da figura, suas mãos hesitantes. Era uma mulher. Sua respiração estava irregular, e um corte profundo atravessava seu braço direito. Ele reconheceu o cheiro imediatamente: sangue de lobo. Ela era como ele. Uma loba. — Ei — ele disse, sua voz rouca pelo desuso. — Você está viva? Seus olhos se abriram lentamente, revelando um brilho prateado. Mesmo enfraquecida, havia algo poderoso em seu olhar, algo que fez Kael hesitar por um momento. — Quem... quem é você? — sua voz era um sussurro, mas carregava uma autoridade inegável. — Alguém que deveria perguntar o mesmo — respondeu Kael. — O que você está fazendo aqui? Ela tentou se mover, mas uma careta de dor cruzou seu rosto. Kael rosnou baixinho, frustrado. Ele não tinha intenção de ajudá-la, mas também não podia deixá-la ali para morrer. — Não se mexa. Eu vou... fazer algo. Ele rasgou um pedaço da camisa que usava, improvisando uma bandagem para o ferimento. Enquanto trabalhava, a mulher o observava em silêncio, seus olhos fixos em cada movimento. — Você não é da minha alcateia — ela disse finalmente, com uma fraqueza que parecia não combinar com sua postura. — Não. — Então por que está me ajudando? Kael parou, suas mãos ainda segurando o tecido manchado de sangue. Ele não sabia a resposta para essa pergunta. Talvez fosse a solidão que o impulsionava, ou talvez fosse o fato de que ela era a primeira pessoa que ele via em semanas. — Boa pergunta — ele murmurou, amarrando a bandagem. — Meu nome é Lírica — ela disse, como se isso fosse suficiente para explicar tudo. Mas para Kael, aquele nome soou como um trovão. Lírica. A alfa da alcateia ao norte, conhecida por sua força e liderança implacável. Ele havia ouvido histórias sobre ela, histórias que pintavam um quadro de poder absoluto e uma determinação que não podia ser abalada. — Você... é a Lírica? — ele perguntou, sua voz cheia de descrença. — Sim. — E o que uma alfa está fazendo sangrando até a morte no meio da floresta? Os olhos de Lírica brilharam com algo que parecia um misto de raiva e dor. — Fui traída. Kael não pressionou mais. Ele sabia como era ser traído. Enquanto a noite avançava, ele cuidou dela da melhor maneira que podia, mantendo uma distância emocional que parecia necessária. Mas algo dentro dele dizia que aquele encontro não era uma coincidência. A Caminho do Refúgio Lírica estava fraca demais para caminhar sozinha, então Kael a carregou em seus braços. Apesar do desconforto com o contato, ele não demonstrou. A cada passo, o peso dela parecia uma lembrança de como ele mesmo já havia sido deixado para morrer. A caverna que ele chamava de lar era um lugar escondido, envolto por vinhas espessas e protegido por pedras que pareciam insuperáveis para quem não soubesse o caminho. Ele a colocou cuidadosamente em um canto, onde o chão era coberto por musgo macio, e reacendeu a fogueira central. Lírica, apesar de ferida, observava cada movimento com atenção. — Você vive aqui? — ela perguntou. — É o suficiente para alguém como eu — respondeu Kael. — Um renegado. Ele se virou para ela, o olhar frio. — Prefiro isso a ser um traidor. Lírica desviou o olhar, mas não de vergonha. Algo em suas feições sugeria que ela estava planejando algo. O Ataque Enquanto os dois permaneciam em silêncio, um ruído cortou o ar. Passos. Muitos. — Eles me seguiram — Lírica sussurrou, alarmada. Kael imediatamente se colocou entre ela e a entrada da caverna. — Quem? — A alcateia que tentou me matar. Antes que ela pudesse responder, a entrada da caverna foi iluminada por olhos vermelhos brilhantes. Não era apenas uma alcateia comum; eles estavam usando uma antiga magia para rastreá-la. — Fique atrás de mim — Kael ordenou, transformando-se rapidamente em sua forma lupina. Lírica tentou se levantar, mas sua fraqueza era evidente. O primeiro invasor entrou na caverna, mas Kael o derrubou com um único golpe, suas garras rasgando o ar como lâminas afiadas. — Você não vai sobreviver a isso sozinho — Lírica disse, com uma determinação crescente em sua voz. — Eu sobrevivi a coisas piores. — Não contra eles. Quando mais inimigos surgiram, Lírica usou o que restava de sua força para se transformar. Apesar do ferimento, sua presença como alfa era inegável. Juntos, eles lutaram, mas a batalha estava longe de terminar.A madrugada ainda não havia se dissipado completamente quando Kael e Lírica começaram a caminhar pela floresta. O som dos passos era abafado pela espessa camada de folhas secas, mas Kael podia sentir os olhos da floresta sobre eles. Cada movimento, cada respiração parecia amplificado. Ele se sentia como uma marionete, mas ao mesmo tempo, como o próprio mestre das cordas. Algo dentro dele o puxava, como se a floresta estivesse tentando guiá-lo, ou talvez, alertá-lo.Lírica caminhava ao seu lado, silenciosa, observando-o com cuidado. A energia negra que ainda envolvia Kael era palpável, e ela não podia deixar de se perguntar o que exatamente ele havia se tornado. O brilho de seus olhos não era mais o de um lobo, mas de algo mais profundo, mais inquietante.— Kael... — A voz de Lírica cortou o silêncio, suave, mas firme. — Você não percebe o que isso pode significar?Kael parou de repente, seus olhos se fixando no vazio à frente. Ele podia sentir a mudança. O poder dentro de si não era a
O chão da floresta parecia tremer sob os pés de Kael, como se a própria terra estivesse reagindo à mudança dentro dele. O brilho negro que agora se espalhava por sua pele pulsava como um coração sombrio, batendo em um ritmo profundo e implacável. Cada respiração que ele tomava trazia consigo uma sensação nova, uma sensação que ele não conseguia definir, mas que sabia que o transformava. Ele sentia algo dentro de si, algo antigo e desconhecido, tomando forma. Não era apenas poder; era uma essência, uma presença que se fundia com sua alma.Ao seu lado, Lírica sentia a diferença. Ela não sabia o que Kael havia se tornado, mas estava certa de que ele já não era o mesmo. A fúria de antes, aquela força bruta e selvagem, agora era substituída por algo mais sombrio, mais enigmático. Ela apertou o braço dele, como se temesse que ele fosse se romper com a realidade, com a vida que conheciam.— Como se sente? — perguntou Lírica, sua voz suave, mas carregada de preocupação.Kael fechou os olhos p
O rugido se espalhou pelo vale como um trovão. Kael sentiu um arrepio percorrer sua pele, uma sensação densa e gelada rastejando por sua espinha. Lírica recuou, instintivamente assumindo uma postura de defesa, os olhos faiscando com um brilho dourado intenso.— O que é isso? — ela perguntou, olhando para Malthus.O mago se virou para o horizonte, seu semblante sombrio.— Algo que não deveria ter sido acordado.Kael deu um passo à frente, sentindo o peso de seu novo estado. Não havia mais o instinto selvagem pulsando em suas veias, mas algo diferente, algo que se enraizava em sua carne e pulsava em um ritmo sombrio.Do meio das árvores retorcidas, uma criatura emergiu. Sua pele era escura como a noite, seus olhos brilhavam com um vermelho espectral. Ela não era um lobo, nem um humano. Era uma fusão de sombras e ódio, uma entidade que parecia ter sido tecida a partir do próprio abismo.Lírica rosnou, os músculos tensos.— Nunca vi algo assim.Kael sentiu um impulso inexplicável dentro d
A dor ainda queimava nas entranhas de Kael. Cada fibra do seu corpo clamava pelo que ele havia perdido. Sua conexão com a lua, com sua natureza lupina, agora não passava de um eco distante.Lírica segurava seu rosto com ambas as mãos, os olhos dela cheios de uma mistura de medo e fúria.— O que você fez? — a voz dela era pouco mais do que um sussurro, mas carregava uma tempestade por trás dela.Kael forçou um sorriso cansado, seus dedos roçando na pele quente de Lírica.— Eu escolhi você, Lírica. Escolhi nossa matilha.Ela fechou os olhos por um breve instante, respirando fundo. Quando os abriu novamente, Kael viu neles algo que não esperava: lágrimas.— Mas a que custo, Kael? — sua voz estava embargada. — O que você é agora?Kael não tinha essa resposta. Ele sentia cada músculo de seu corpo funcionar, sua mente ainda alerta, mas havia algo estranho, como se uma parte vital dele tivesse sido arrancada. A lua cheia ainda brilhava no céu, mas sua luz parecia distante, como se ele estive
O tempo parecia se esvair como areia entre os dedos de Kael. O vento frio cortava sua pele enquanto o templo vibrava com a energia do ritual. Malthus estava ajoelhado no centro do círculo de runas, o cajado brilhando intensamente, enquanto as sombras ao redor dançavam e rugiam, tentando penetrar a barreira mágica que ainda resistia.Lírica mantinha sua posição ao lado de Kael, a respiração pesada após a batalha. Os olhos dela estavam fixos nele, lendo seus pensamentos antes mesmo que ele os expressasse em palavras. A tensão entre os dois era palpável. Ambos sabiam que o tempo estava acabando.— Não há outra escolha — disse Kael, sua voz grave e carregada de emoção.Lírica avançou um passo, agarrando seu braço com força. — Não diga isso. Nós sempre encontramos um jeito.Ele segurou o rosto dela com ambas as mãos, os polegares acariciando sua pele quente. — Eu não posso te perder, Lírica. Se houver uma chance de salvar você e nosso povo, eu vou tomá-la.Os olhos de Lírica brilharam com
A noite estava densa, carregada de presságios sombrios. O brilho pálido da lua banhava as ruínas do templo enquanto Kael observava Malthus recuperar o fôlego. O mago tremia ligeiramente, seus olhos fixos em algo que apenas ele parecia enxergar.Lírica, ao lado de Kael, mantinha a mão firme na empunhadura da espada. A energia ao redor deles vibrava, carregada de uma força arcana que ameaçava se romper a qualquer momento.— Precisamos agir agora — disse Malthus, sua voz rouca. — Se esperarmos mais, eles atravessarão completamente para o nosso mundo, e não teremos forças para detê-los.Kael cerrou os punhos. A lembrança do exército das sombras atravessando o véu era um pesadelo que ele não queria tornar real. Ele olhou para Lírica, que assentiu, seu olhar resoluto.— O que precisamos fazer? — perguntou a alfa.Malthus apontou para o centro do templo, onde um círculo de pedras antigas jazia coberto de musgo. Gravuras ancestrais brilhavam fracamente, como se respondessem à presença deles.
Último capítulo