A noite caiu com o peso de um presságio.
O céu estava encoberto por nuvens grossas, e o vento que passava entre os prédios trazia o cheiro metálico da chuva. Eu caminhava apressada pela rua deserta, o casaco apertado contra o corpo, tentando não pensar em nada.
Mas o nome dele insistia em ecoar dentro de mim como um feitiço impossível de quebrar.
Danilo.
Desde aquela noite no beco, eu vinha lutando contra uma sensação que não me deixava em paz. Era como se algo se movesse nas sombras da cidade. Um chamado. Um aviso. A loba em mim não parava de rosnar, e cada vez que o vento mudava de direção, eu tinha certeza de estar sendo observada.
Voltei mais cedo da biblioteca. O caminho era o mesmo de sempre, mas a rua parecia diferente, mais silenciosa, mais escura.
Um farol piscou ao longe. Passos ecoaram atrás de mim.
Acelerei o passo, o coração disparado. Podia ouvir o som da respiração de alguém se aproximando. Por instinto, olhei para o reflexo em uma vitrine quebrada. Uma sombra vinha log