A floresta estava silenciosa demais.
O tipo de silêncio que antecede o sangue.
O vento soprava entre as árvores, frio, carregado do cheiro metálico que só o perigo possui. Eu caminhava devagar, os passos leves, a espada presa nas costas, o corpo ainda dolorido da última batalha. A febre tinha cedido, mas a fraqueza permanecia como um lembrete cruel de tudo o que perdi.
Rafael queria que eu ficasse. Disse que a matilha precisava ver seu alfa se recuperar, não se lançar em caçadas solitárias. Mas ele não entendia. Ficar parado era morrer. E eu já estava cansado de morrer aos poucos.
As patrulhas noturnas haviam relatado movimentações estranhas nas fronteiras — sombras humanas rondando as trilhas, cheiro de pólvora e prata. Caçadores. E onde há caçadores, há rastros de lobos.
E onde há rastros de lobos… talvez haja um deles que eu ainda preciso encontrar.
Não falava o nome dela em voz alta. Era como um pacto silencioso comigo mesmo. Se dissesse, o mundo inteiro ruiria. Mas o vínculo ain