O dia havia sido cheio: reuniões com investidores, telefonemas internacionais, um almoço que mais parecia uma batalha silenciosa por território. Eu estava acostumado a isso. Era o jogo. O que nunca tinha acontecido antes era terminar um dia inteiro sem conseguir apagar uma imagem da mente.
Dei um gole no uísque sobre a mesa. O líquido queimou a garganta, mas não trouxe o alívio que eu buscava.
Por que Nora reagia daquele jeito?
Não era apenas orgulho, era algo mais profundo. Cada vez que me aproximei, ela se fechou como se carregar uma dívida invisível que a impedisse de relaxar. Como se devesse algo a alguém e não pudesse se dar ao luxo de ceder.
E essa desconfiança me intrigava.
Eu estava acostumado a conquistar tudo com facilidade. Dinheiro, mulheres, negócios — bastava estender a mão. Mas com ela não funcionava. O “não” dela vinha carregado de uma convicção que me fazia querer arrancar as camadas até descobrir o que escondia por trás.
— Senhor Gabriel? — A voz de Ricardo, meu braç