Terminei meu café devagar, mais por falta do que dizer do que por fome. Gabriel manteve a postura serena o tempo todo, como se estivesse no controle até dos silêncios. Quando finalmente deixei a xícara sobre o pires, senti o peso do olhar dele sobre mim.
— Vou pegar seu vestido. — disse, levantando-se sem pressa.
Enquanto ele se afastava, aproveitei para ajeitar a camisa larga que usava, tentando me convencer de que nada naquilo era estranho. Mas era. Era muito estranho estar ali, no apartamento de um homem que eu mal conhecia, usando a roupa dele como se fosse natural.
Pouco depois, ele voltou segurando meu vestido, limpo e passado.
— Aqui está.
Peguei, murmurando um “obrigada” baixo demais, e corri para o quarto de hóspedes que ele indicou. Troquei de roupa rapidamente, evitando me encarar no espelho. A lembrança da noite anterior, de como quase desabei na frente dele, me corroía.
Quando voltei, ele estava esperando no hall, já de blazer e com as chaves na mão.
— Vou te levar pra ca