A noite seguinte chegou sem que eu tivesse conseguido descansar de verdade. Mesmo no silêncio frio do meu apartamento, a cena de Nora cambaleando pelos corredores da festa não saía da minha mente. O olhar perdido, o jeito como ela insistia que só servia para “aquilo”. E depois, vomitando no estacionamento, assustada demais para alguém que dizia estar apenas “fazendo seu trabalho”.
Não era só cansaço. Não era só medo de perder o emprego, como ela tentou me convencer.
Tinha algo podre naquela história. E o nome por trás era óbvio: Marcos.
Acendi um charuto, tragando devagar. O gosto amargo se misturava à raiva que queimava no fundo do peito. Eu não tinha o hábito de me meter nas vidas das dançarinas da boate — mas Nora não era como as outras. E se Marcos achava que poderia brincar com ela para arrancar dinheiro, estava prestes a descobrir que tinha passado do limite.
O escritório dele ficava nos fundos da boate, atrás de uma porta de madeira pesada. O segurança tentou barrar minha entra