O camarim estava cheio, cada canto ocupado por meninas rindo alto, ajeitando roupas curtas demais, checando o reflexo no espelho manchado. Era a rotina de todas as noites, sempre igual e, ao mesmo tempo, imprevisível.
Sentei-me diante do espelho com a mesma expressão de sempre: calma forçada, mas dentro de mim tudo pulsava em outra frequência. Abri a nécessaire e comecei a preparar a pele, pincel após pincel, como se pudesse pintar outra versão de mim, uma que aguentasse a madrugada.
— Você viu o Gabriel ontem? — Laura perguntou, ajustando o sutiã com brilho e jogando o cabelo para trás. O tom dela era animado, quase fofoqueiro. — Ele estava na sala VIP de novo.
Kris riu, debruçada sobre a penteadeira ao lado. — Difícil não ver. Quando ele aparece, é como se o resto do salão apagasse.
— Bonito daquele jeito, elegante, milionário… — completou outra novata, a voz sonhadora. — Se ele quisesse, poderia ter qualquer uma daqui.
— E daí? Todo mundo aqui já viu homem rico. — Revirei os o