Capítulo 23 - Nora

O carro de Gabriel parou diante da minha rua. O contraste era quase cômico: aquele conversível brilhante, estacionado entre carros velhos e enferrujados dos vizinhos.

— Obrigada pela carona. — murmurei, evitando o olhar dele.

— Não precisa agradecer. — a voz dele saiu firme, como se fosse uma ordem, não um gesto.

Desci rápido, sem coragem de olhar para trás. Segui até o portão da casa, sentindo os olhares curiosos dos vizinhos por trás das cortinas. O ronco do motor ficou para trás, mas a sensação de que o mundo inteiro tinha visto minha vida exposta continuava grudada na pele.

Meu pai estava no sofá, lata de cerveja na mão, a televisão ligada sem som. Quando me viu, ergueu a cabeça com esforço.

— Que carro era aquele? — perguntou, a voz rouca. — De quem é?

— Não é da sua conta. — larguei a bolsa em cima da mesa.

— Não é da minha conta? — ele bateu a lata no braço do sofá. — Os vizinhos todos viram. Vão começar a falar!

Revirei os olhos, a paciência se esgotando.

— Ah, claro. Isso é u
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