O som da festa seguia alto, mas minha atenção não estava na música, nem nos empresários que ainda tentavam puxar conversa comigo.
De longe, vi Nora atravessar o salão com passos inseguros, segurando a taça como se fosse a única âncora em meio ao caos. Ela não estava bem. Seus olhos estavam vermelhos, a postura rígida demais para alguém que supostamente estava apenas se divertindo.
O incômodo começou como uma fisgada. Um aperto estranho no peito. Ciúmes. Era ridículo, mas foi isso que senti ao perceber a direção que ela tomava: o corredor das salas privadas. Eu conhecia bem aquele espaço. Sabia exatamente o que acontecia lá dentro.
Cada passo dela ecoava como um alarme na minha cabeça. Eu não podia deixá-la entrar em nenhuma daquelas salas.
Acelerei o passo, ignorando olhares curiosos. Quando a alcancei, percebi de imediato: ela não estava sóbria. Os olhos marejados, o cheiro forte de champanhe, o desequilíbrio do corpo. E, pior, lágrimas escorriam silenciosas pelo rosto dela.
— Nora.