Capítulo 4 - A mansão Trevor

Alis estava inquieta, como se uma tempestade sussurrasse em seu íntimo. Nunca, desde o dia em que dissera "sim" a Brade, havia experimentado a paz de uma noite longe dele. E agora, ali estava ela, envolta no luxo de uma limusine, sendo levada para o seio de uma família que, em breve, chamaria de sua.

Sem poder evitar, o medo pulsava em suas veias — medo de que tudo aquilo fosse apenas um devaneio e, ao despertar, encontrasse Brade ao seu lado. E medo também por Liz, sua irmã brilhante, destemida, repleta de uma energia que parecia inesgotável, tão parecida e tão diferente dela ao mesmo tempo.

"Ah, Deus, eu sabia que o meu destino um dia mudaria... Eu sabia", pensava Alis, o coração batendo como as asas de um pássaro preso, prestes a ganhar a liberdade. Estaria longe de Brade por alguns dias. Mesmo uma noite já seria uma benção. 

A limusine interrompeu suavemente sua marcha. O vidro de separação permaneceu imóvel, mas uma voz firme soou pelo interfone:

— Chegamos, senhora - Era Raul numa ordem discreta para que ela saísse do carro e enfrentasse o seu destino. 

Quando Alis olhou pela janela, suspirou inconscientemente diante da opulência da mansão Trevor. 

Já havia deduzido que sua irmã era uma pessoa rica. Ninguém pobre tem uma limusine, motorista particular, roupas e sapatos de grife, porém, não estava preparada para a grandiosidade que a aquela mansão demonstrava. 

Seria ela capaz de se manter elegante como sua irmã? Apesar de usar a roupa da irmã, em seu coração, ainda era uma pessoa simples e pobre. 

A porta da limusine se abriu e ela desceu com passos incertos, os olhos presos na visão que se desenrolava à sua frente. A mansão erguia-se imponente, coroando uma escadaria de mármore que serpenteava por um jardim de beleza quase onírica.

— Olha só isso... — murmurou para si mesma, sentindo-se uma intrusa em um mundo que não parecia feito para ela.

Subiu os degraus devagar, quase reverente. Sob a escadaria, um lago se estendia como um espelho líquido, e mesmo sob o véu da noite, o movimento gracioso dos peixes era visível. O som ritmado de um moinho acrescentava serenidade à cena.

Ao alcançar a porta principal, imensa e adornada com intricados entalhes que formavam a figura de um dragão, Alis respirou fundo, como quem se prepara para atravessar um limiar sagrado. Empurrou as portas com cuidado e adentrou.

O corredor conduziu-a ao hall de entrada, onde foi acolhida por uma visão deslumbrante: a escadaria imponente que levava ao segundo andar, a sala adornada com plantas exuberantes e estátuas de inspiração neoclássica. Na parede, um monitor de TV ocupava um espaço que parecia pertencer a uma obra de arte.

No centro do ambiente, sobre um sofá luxuoso, um homem descansava, comendo pipoca de maneira despreocupada.

— Boa noite, mocreia! — disse ele, entre mastigadas, os olhos brilhando de sarcasmo.

Alis sentiu o calor subir-lhe ao rosto. Não esperava encontrar alguém tão cedo, muito menos uma recepção tão inusitada. Considerou, por um instante, subir apressadamente as escadas, mas algo a deteve. Apesar do desconforto, enfrentaria aquele encontro.

Reconheceu-o pelas fotos. Era Dunga, o irmão adotivo de Liz — cabelos dourados como o sol, olhos verdes que pareciam sorrir por si só, e sardas espalhadas como constelações. Tentando invocar a elegância de Liz, respondeu, com um sorriso hesitante:

— Boa noite, Dunga.

Antes que a situação se prolongasse, decidiu seguir em frente.

— Ei, espera aí... — chamou Dunga, o olhar curioso fixo nela. — Está passando Esquadrão da Moda!

As palavras de Liz ecoaram em sua mente: "Evite conversas nos primeiros dias. Vá direto para o quarto."

— Estou exausta. Preciso descansar — disse ela, com um esforço de firmeza na voz, enquanto subia rapidamente a escada.

Dunga, felizmente, não insistiu. Voltou sua atenção ao monitor, e Alis, aliviada, escapou para a segurança de seu destino, deixando para trás o primeiro fragmento de sua nova realidade.

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