Uma mulher traída. Um chefe arrogante. Uma mentira perigosa. Você já se imaginou em um dia dos infernos? Eu tive um dia assim. Primeiro, me adiantei e cheguei no trabalho duas horas mais cedo, fui demitida e quando cheguei em casa, descobrir que meu namorado estava me traindo com a minha amiga. Eu não era de acreditar em azar ou que as pessoas nascessem com esse mal, no entanto, eu era uma dessas pessoas. Tive que recomeçar do zero, sem lugar para morar e nem um trabalho, e quando finalmente achei que as coisas tinham melhorado, descobrir que o meu novo chefe, além de ser lindo de morrer, como um modelo de capa de revista, também era arrogante, irritante e provocativo. O pior era que eu tinha três meses para provar que era realmente boa no trabalho, caso contrário, seria demitida de novo. Eu só não esperava que uma mentira iria mudar tudo. Eu teria que fingir ser a namorada dele. Teria que dizer que o amava e o pior de tudo, beija-lo. Henrique podia ser o pior dos chefes, mas não sabia se resistiria a ele.
Leer másElisabete
Eu não era de acreditar em superstições e mau agouro, porém hoje estava sendo um daqueles dias em que tudo dava errado.
A sorte nem sempre estava a meu favor, no início pensava que era coisa da minha cabeça, que tinha que me esforçar mais para conseguir as coisas, mas com o tempo, tive que admitir que havia algo errado.
Mesmo que ainda negasse que alguém podia carregar esse mal, alguns fatos ainda me faziam ficar em dúvida.
Hoje era um desses dias.
Não sei o porquê, mas meu celular alarmou muito cedo.
Muito adiantado!
Duas horas adiantado!
Quando olhei no aparelho, achei que estava atrasada, pois as horas marcavam duas horas a mais do que eu esperava. Quando olhei no espelho, meu rosto parecia ter sido amassado por um trator e o pior de tudo era que eu achava que não tinha tempo para tomar café.
Eu era uma pessoa simpática e bem-humorada, mas de barriga vazia as coisas mudavam, pois uma substituta mal-humorada possuía o meu corpo e me dava dor de cabeça.
Como o dia estava só começando, os ônibus estavam lotados. Não como eu já estava habituada, mas de forma anormal. As pessoas se amontoavam como em uma lata de sardinha, e o cheiro não era dos melhores.
Eu não sabia como alguém poderia sair de casa de manhã sem tomar um banho.
Quando cheguei à empresa, não havia ninguém além do vigia.
Para falar a verdade, eu deveria ter notado as pistas durante o trajeto.
Primeiro, estava mais frio que o normal para as oito da manhã. Até o ônibus. Tudo estava lá, porém, como não havia tomado café e havia acordado duas horas mais cedo, o que dificultava o meu raciocínio, não percebi o meu erro.
Trabalhava na empresa Duarte investimentos há três anos e não era na minha área de formação.
Depois que sai da faculdade, você pensa que será tudo um mar de rosas, mas tristemente descobri que o mundo era cruel e existem milhares de pessoas tão boas quanto eu.
Tive que fazer uma escolha: continuava tentando buscar o meu sonho ou pagava o aluguel e o supermercado.
Confesso que passei três anos com os pés no chão, deprimida por não ter conseguido.
— Bom dia, senhor Antônio. — Falei me aproximando do homem de quarenta anos com o sorriso simpático. — O senhor sabe por que está tudo tão… vazio?
O homem me olhou com o cenho franzido, parecendo que eu tinha feito a pergunta mais burra que ele havia ouvido, mas continuei firme, o olhando com um sorriso amarelo.
— São seis da manhã, sabe que as coisas só começam a funcionar aqui a partir das sete. — Ele disse.
Na hora eu ainda estava refletindo sobre a palavra sete, e estava cética sobre o horário. Abri a bolsa abruptamente e peguei o aparelho que estava no fundo, escondido.
— Senhor, são nove horas. — Falei não querendo acreditar no que o homem estava falando.
O homem tirou do seu bolso o celular que não era um dos mais novos da sua linha, e o estendeu para mim, mostrando o horário correto.
Olhei para o objeto, ainda sem acreditar, aos poucos tudo veio à minha mente e desejei morrer.
Nenhum palavrão era o mais adequado para se designar a mim naquele momento. Eu só continuei olhando para o nada, esperando que algum tipo de explicação óbvia viesse a mente, mas nada aconteceu.
Eu poderia ter feito a maior cena na frente do homem, pois sempre que algo assim acontecia, sendo tão cedo, meus olhos se enchiam de lágrimas.
Eu não era assim tão frágil, porém, se meu estômago estivesse vazio e o sono ainda estivesse pairando sobre a minha mente, corroborava para esse fim.
No entanto, optei por me conter e arranjar uma alternativa.
Primeiro, eu teria que comer algo, pois se não houvesse comida no meu estômago, não trabalhava nesse ambiente estressante, e minha chefe era como o próprio diabo.
Se eu ficasse dessa forma até o almoço, com certeza ficaria sem emprego, já que diversas vezes tive que me conter para não a xingar.
A sorte era que o prédio ficava perto de várias lanchonetes, onde eu poderia comer e passar o tempo. Retirei o aparelho diabólico da bolsa e acertei as horas para que não houvesse mais problemas.
***
Depois daquele contratempo inicial, eu finalmente estava melhor. Voltei e comecei o dia com uma pilha de documentos para reorganizar. Carolina estava tensa quando chegou e mal falou comigo, o que era estranho, pois a mulher adorava me importunar logo quando chegava.
Fiquei bastante cansada após organizar tudo. Graças ao sono que me consumia, tive que tomar café a mais, só para não dormir em cima do computador.
No almoço, a chefe saiu mais cedo, ela ainda estava estranha, mas não me importei e dei graças a Deus por ela não ter me incomodado, pelo menos ainda.
Saí com algumas colegas para comer e na volta fiquei envergonhada ao encontrar o porteiro, que era o único que sabia do meu desastre do início de dia.
Antes de ir embora, fui chamada na sala de Carolina e senti a tensão no ar. Eu sentia um mau pressentimento de que iria ser demitida.
Assim que entrei e sentei-me, vi a expressão de preocupação da mulher. Ela estava estranha o dia todo, e agora estava me olhando como se fosse dizer que alguém morreu.
— Alguma coisa aconteceu? — Perguntei cautelosa.
— Sim, infelizmente. — Disse deixando os ombros caírem e se encostou à cadeira. — Falimos.
Ouvir isso fez meu coração pular. Era o nosso fim e a minha demissão. Já havia ouvido rumores sobre as condutas indevidas do chefão. Ele estava roubando e jogava tudo em pôquer.
— O que farão agora? — Perguntei triste.
— Todos vocês serão pagos e o que sobrar será para pagar as dívidas. — Respondeu.
Depois dessa breve conversa, foi acertado o dia que deveríamos voltar e receber. Todos que saíam estavam como eu: tristes e para baixo. Uns piores que outros.
Passei todo o caminho pensando no que fazer. Gastei três anos da minha vida em um emprego que não me valorizava, e nem era do meu ramo. Agora estava sem nada e acreditava que seria difícil arranjar outro agora.
A situação do país não era a melhor e perder o emprego agora seria um grande problema. Mas talvez seja essa a oportunidade que eu esperava para finalmente trabalhar em paisagismo, que era a área que me formei. Eu tinha uma casa, e meu namorado tinha um bom trabalho. Mesmo que demorasse um pouco, talvez conseguisse algo.
Andei poucos metros até a casa que tínhamos alugado. Não era muito grande, mas servia. Vivíamos trabalhando, e era Miguel que passava a maior parte do tempo em casa. Pelo menos até agora.
Entrei já tirando o sapato e jogando a minha bolsa no sofá. As luzes estavam acesas, mas nada do homem. Um barulho vindo do quarto, chamou minha atenção.
Não chamei seu nome, porém, a curiosidade era maior e caminhei até o quarto, devagar. A porta estava entreaberta e quando vi duas pessoas trepando em cima da minha cama, quase caí.
Miguel e Ângela transavam como dois coelhos enquanto eu assistia chocada. Uma raiva tomou conta do meu corpo, e abri a porta com uma batida forte.
— QUE PORRA É ESSA?
Parecia que alguém havia me jogado o pior feitiço do mundo. Primeiro perdi o emprego, agora descubro que sou corna.
Elisabete Não dava para acreditar que isso estava acontecendo. Não conseguia sair do pequeno banco de madeira em frente a linda penteadeira do quarto porque estava nervosa. Já fiquei nervosa antes, como no dia do meu casamento com Henrique, quando recebemos a guarda do Lucas e depois, quando estava dando à luz a nossa filha, Estela. Porém, parecia que meu coração estava entrando em modo turbo e minhas pernas estavam bambas. Talvez fosse pelo fato de que eu teria que discursar na frente de muitas pessoas, e poderia ter um tique na voz quando estava sob pressão. Eu já imaginava todos rindo da minha cara quando não saísse palavras pela minha boca, justamente porque estava gaguejando. O pior era que essa premiação caiu justamente na véspera de natal. Quem marca uma premiação na véspera de natal? Todos estavam viajando para as suas casas e as famílias se preparavam para a ceia. Eu estava a ponto de gritar e dizer a Henr
EnriqueDois anos depois Tudo isso parecia mentira e que a qualquer momento eu acordaria e nada disso seria real. Não era o que eu desejava, pois em muito tempo não era tão feliz. Todos os dias ao acordar, via seu rosto lindo e seu sorriso matutino que fazia o meu dia valer apena. Como pude fugir disso por tanto tempo? Sim, existia uma pessoa específica para cada um, pois se não fosse isso, penso que não estaria tão ansioso para hoje. Em dois anos aconteceram muitas coisas surpreendentes. Coisas que poderiam nunca ter acontecido da forma como aconteceu, se eu não tivesse mudado e deixado de lado a minha frieza e meu receio. Dizem que o medo é um instinto que nos protege de coisas ruins da vida. Porém, em algumas situações ele nos impede de muita coisa. Claro que hoje sou muito mais forte e decidido do que há três anos atrás. Elisabete e eu somos muito felizes. Há um ano conhecemos um garoto que estava passando
ElisabeteNão vou mentir, senti um pouco de receio quando chegamos à casa de Henrique. Eu não sabia o que estaria por vir e se algo aconteceria para que tudo desse errado. Eu sabia que isso era novo para ele e que o homem sentia certa dificuldade em conhecer pessoas. Minha mãe era um amor. Sempre foi simpática com todos e saber disso me tranquilizava um pouco. Claro que ela nunca gostou do Miguel, mas agora eu entendia o porquê. Fiquei surpresa com o bom humor dele assim que abriu a porta. Certamente Henrique queria passar uma boa impressão. Estávamos na transição para morarmos juntos, e tudo isso parecia maluquice. Senti que Dominic, assim como a minha irmã, estava apreensivo. Provavelmente também não passou pela experiência de ser apresentado a mãe da namorada. Acredito que os irmãos Vilella não tenham tido muitas namoradas ou que nunca avançaram na relação como agora. A noite estava alegre e muito tranquila, até a campainha tocar e Catarina V
Enrique Desde que conheci Elisabete, venho fazendo e sentindo coisas que nunca senti ou fiz com ninguém. Eu ainda estava surpreso com o fato da mulher me suportar e me amar, porque eu sabia que isso era difícil. Ela me ajudou a superar os meus medos, e não desistiu quando minha família quis interferir na nossa relação. Ainda existia a questão com o meu pai, porém, não podíamos forçar ninguém a gostar de ninguém e eu esperava que algum dia meu pai melhorasse, assim como, surpreendentemente, a minha mãe. Catarina era a minha mãe, e os filhos tinham que amar e ser grato só por esse fato. Eu entendia suas dificuldades, e mesmo não aceitando seus preconceitos, não podia exigir que a mulher mudasse muito rapidamente, porém, Elisa fez algo que ninguém esperava. Ela conseguiu amolecer o coração de gelo dela, assim como fez com o meu. Eu não fazia ideia de como ou o que essa mulher tinha para ser tão especial, só sabia que tinha sorte por tê-la em minha
Um mês depois Tivemos certo prejuízo com o roubo das peças e venda ilegal, mas, felizmente conseguimos contornar a situação e refazemos tudo. Hoje seria a exposição das peças decorativas que tive o prazer de desenhar com Roberto. Éramos os únicos que desenhávamos tais coisas, e ficamos felizes de participar de todos os processos. Nunca imaginei que estaria tão bem. Há alguns meses atrás, eu estava em um emprego qualquer, fazendo algo que odiava só para pagar as contas. Também estava com um homem que não me valorizava em nada, e que aproveitava toda oportunidade para me diminuir, pois não queria que a mulher fosse melhor que ele em algo, nem que ganhasse mais que ele. Henrique tinha muitos defeitos. Ele não era o príncipe encantado dos contos de fadas e às vezes fazia coisas que me chateava. Porém, sabia assumir seus erros e sempre que podia me levantava o astral. Não podia pedir por alguém melhor, pois ele era perfeito para mim.
Enrique Eu poderia deixar que as palavras do meu pai me levassem novamente para o meu estado de amargura e consequentemente perder Elisabete. O antigo eu com certeza deixaria ser levado por isso, mas o Henrique de agora, que provou da felicidade ao lado da mulher que amava, não poderia deixar isso acontecer. Sabia que teria que melhorar bastante para ser a pessoa digna que ela merecia, e isso não era um problema, pois faria aquilo que pudesse para lhe dar toda a paz e felicidade que ela me dava, apenas por existir em minha vida. O dia começou muito bem. Tomamos café juntos e depois seguimos para mais um dia de trabalho. Senti haver algo que estava a deixando estranha e sabia que ela queria fazer perguntas. — Pode fazer as perguntas que deseja. — Falei não tirando a atenção dos carros à minha frente. — Não quero aborrece-lo tão cedo. — Disse com um meio sorriso. — Não vou me aborrecer. Você está aqui, só isso me ajud
Último capítulo