Provocações

Laura sentiu o calor entre as pernas se intensificar. As palavras dele não eram apenas ditas — eram sentidas. Penetravam sua pele, infiltravam-se em sua espinha, acendiam cada nervo como se fossem faíscas em pólvora.

Heitor passou o dedo indicador devagar pela linha do queixo dela, descendo pelo pescoço, até parar na curva dos seios.

— Você quer saber do que eu gosto, Laura? — perguntou, com um olhar que a despia por completo.

— Eu gosto de controle. Gosto de ver uma mulher tão "certinha" como você perder a razão por minha causa. Gostaria de ver você se contorcendo, implorando por mais… e me chamando pelo nome quando gozar, debruçada na minha mesa.

Ela arfou, os olhos arregalados, o corpo traindo todas as suas defesas.

— E você vai fazer isso, Laura — ele garantiu, como quem afirma algo já decidido.

— Vai chamar meu nome, Heitor… com essa sua boca linda… enquanto eu faço você se esquecer de todo e qualquer homem que já passou pela sua vida.

Laura ficou sem ar. O ar-condicionado estava ligado, mas a sala parecia pegar fogo. A imagem que ele pintava com palavras queimava dentro dela de forma indecente.

— E isso não é brincadeira, Laura — ele roçou os lábios na lateral do rosto dela, sem tocá-la de fato, apenas deixando sua respiração quente passear por sua pele.

— Quando for a hora... você vai implorar por isso.

Ela sentia as pernas prestes a falhar, o coração martelando no peito como um alarme.

— E, quando for a hora certa... — ele sussurrou no ouvido dela

— eu vou mostrar o que realmente significa ter um homem de verdade e um chefe dominante.

Laura respirava com dificuldade, completamente envolta na presença dele. Aquela conversa tinha cruzado todos os limites do profissional. E, ainda assim, ela não conseguia encontrar forças para recuar. Só conseguia imaginar... exatamente o que ele acabara de descrever.

Então ele recuou lentamente, com aquele mesmo controle gelado e calculado, como se nada tivesse acontecido. Pegou a pasta que ela deixara cair no chão e a entregou com um leve sorriso nos lábios.

— Organize isso para mim. Tenho uma reunião às oito da manhã.

E saiu da sala.

Deixando Laura sozinha, trêmula, úmida e com uma certeza sufocante no peito:

Heitor Arantes não era gay. Ele era tudo o que ela temia... e tudo o que seu corpo mais desejava.

Laura permaneceu ali, imóvel, tentando lembrar como se respirava. O som da porta se fechando atrás dele ecoou como um veredito. Suas mãos tremiam levemente ao segurar a pasta que ele havia lhe devolvido — quase um lembrete silencioso de que, apesar de tudo, ainda era sua funcionária.

Mas o que havia acabado de acontecer... não era coisa de chefe e secretária. Aquilo foi uma promessa. Uma sentença.

Ela se sentou na cadeira, cruzando as pernas numa tentativa inútil de conter a sensação de calor pulsando entre elas. O tecido da calcinha estava úmido, e isso só aumentava sua vergonha. Como ele conseguiu isso? Sem nem tocá-la de verdade?

Laura apertou os olhos, como se aquilo fosse dissipar as imagens que ele havia plantado dentro dela — ela, debruçada na mesa dele, perdendo o controle, dizendo seu nome. Gemendo. Implorando.

Era indecente. Impróprio. Inaceitável.

E, no entanto...

Um arrepio percorreu sua espinha, e ela mordeu o lábio inferior com força. Precisava se recompor. Precisava lembrar quem era. A profissional dedicada. A mulher disciplinada. A funcionária competente.

Mas então seu celular vibrou na mesa. Uma notificação. Uma mensagem dele.

> “Não se atrase amanhã. E vista algo vermelho, com certeza essa cor deve combinar muito com você."

O coração de Laura quase saltou pela boca. Vermelho? Como assim, vermelho?

Seu primeiro impulso foi ignorar, fingir que nada havia acontecido, que era apenas um jogo de palavras, que Heitor não estava realmente esperando nada dela. Mas Laura já sabia — com cada fibra do seu corpo — que não havia nada de casual naquelas palavras.

Ele estava testando limites. E ela… já tinha cruzado vários.

E, o pior de tudo, era que uma parte dela queria ver até onde aquilo podia ir.

No fundo, talvez ela também quisesse perder o controle.

O celular de Laura apitou novamente quando o táxi cruzava as últimas quadras até seu apartamento. Ela havia tentado ignorar a mensagem anterior — como se aquilo pudesse apagar a lembrança viva da voz de Heitor sussurrando em seu ouvido. Mas o novo alerta vibrando em sua bolsa lhe trouxe de volta ao presente.

Com dedos ainda trêmulos, desbloqueou a tela. A mensagem era curta, direta, com um tom que não deixava espaço para debate.

> “Não conte a ninguém. Nem uma palavra sobre o que aconteceu hoje — muito menos sobre o fato de ter certeza que não sou gay. Esse boato me livra de mulheres inconvenientes com quem eu não tenho a menor paciência. Conto com sua discrição."

Laura leu o texto duas vezes, depois bloqueou a tela, respirando fundo. Ela compreendia o motivo do pedido — ou melhor, da ordem. Heitor não queria que ninguém soubesse que não era gay, porque aquele boato o livrava de mulheres inconvenientes com as quais ele não tinha paciência alguma. Mas a verdade era que Laura estava prestes a explodir — e não era apenas de desejo reprimido.

O corpo ainda vibrava com o efeito das palavras que ele havia sussurrado em seu ouvido horas antes. A lembrança de seus olhos cravados nos dela, da voz grave, das promessas implícitas e explícitas, tudo pulsava sob sua pele.

Era demais para guardar só para si.

Precisava dividir aquilo com alguém, contar, desabafar — ou talvez apenas organizar os pensamentos em voz alta. E havia apenas uma pessoa em quem confiava o suficiente para isso: Bianca.

Mas, antes mesmo de chegar em casa, ainda dentro do táxi e com o coração acelerado, Laura fez o que jurou que não faria.

Abriu novamente a conversa com Heitor e, movida por uma mistura perigosa de adrenalina, curiosidade e provocação, digitou:

> “Quem disse que eu tenho certeza de alguma coisa?”

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