Aceitei a taça e tomei um gole generoso, sentindo o calor do vinho se espalhar rápido pelo corpo. A tensão da dança começava a se dissolver, mas o olhar de Alexey não. Ele ainda estava ali, em algum lugar atrás de mim, queimando como uma presença invisível.
— Me conta — ela se virou com os olhos animados —, e o Carnaval? É mesmo tudo aquilo que mostram? As fantasias, os desfiles, a música o dia inteiro?
Soltei um riso curto, baixando o olhar para a taça.
— É realmente tudo isso. Mas eu realmente nunca fui. — Meu coração murchou pateticamente.
Ela pareceu surpresa. — Nunca?
— Não. Fui criada em uma casa muito religiosa. Carnaval era visto como um pecado — dei um meio sorriso —, e mesmo antes da vida na igreja, eu já não participava. Era como se aquilo nunca tivesse sido uma opção real.
Fiz uma pequena pausa, e uma lembrança suave e cortante me atravessou.
— Mas minha irmã… ah, ela era terrível. — Ri de novo, com aquele tipo de riso que vem acompanhado de saudade. — Isabel. El