Havia um brilho genuíno nos olhos dela, uma curiosidade calorosa que me fez sorrir de leve. Mas, ao mesmo tempo, senti um arrepio percorrer minha espinha. Talvez fosse a forma casual com que ela me distraía da tensão invisível que pairava entre mim e Alexey… ou talvez fosse exatamente o olhar dele, que mais uma vez pousou sobre mim com uma intensidade impossível de ignorar.
Eu a encarei rapidamente, respirando fundo, e depois me virei para responder, ciente de que ele continuava ali — me observando, absorvendo cada palavra.
— Lá era…sereno — comecei, tentando manter o tom leve. — A gente passa o Natal em oração, com cânticos suaves, luz de velas, e uma ceia simples depois da missa do galo. Não tem presentes, nem grandes celebrações. É mais introspectivo… bonito à sua maneira, mas silencioso.
Hesitei por um segundo, e então acrescentei, com um sorriso nostálgico:
— Já fora da abadia, é outra história. Lá o Natal é barulhento, cheio de risadas e exageros. Tem muita comida, muita mús