A neve ainda caía, fina e persistente, como se quisesse lembrar que nada ali era realmente acolhedor. Eu me encolhi um pouco mais sob o casaco que estava junto as roupas que Alexey me deu.. Ainda assim, o frio parecia ter se enraizado dentro de mim. Eu não conseguia sair do quarto desde que conversei com Natasha, e talvez não fosse só pela temperatura. Obvio que ela percebeu.
— Acho que você vai apodrecer trancada nesse quarto — disse ela, sorrindo de leve enquanto me estendia uma mão enluvada. — Vem, o jardim é coberto. E você precisa de um pouco de ar. E talvez… um pouco de beleza também.
Aceitei em silêncio, não porque queria, mas porque não tinha energia pra recusar.
Caminhamos sob as estruturas de ferro e vidro. O jardim parecia suspenso no tempo, protegido do inverno lá fora. O teto arqueado deixava entrar uma luz pálida, difusa, enquanto pequenas gotas de condensação escorriam pelas vigas. Algumas plantas ainda sobreviviam — teimosas, escondidas sob lonas ou adaptadas ao fr