O som da porta se fechando atrás de Carol foi como um disparo.
Seco. Irreversível.
Eu não conseguia me mover.
A mesa estava posta como se fosse um domingo qualquer, mas o cheiro da comida agora me enjoava. O vinho na taça parecia azedo. Meredith se recolheu silenciosa à cozinha. E eu fiquei ali, sozinho com Fernando.
Meu padrasto.
O homem que me criou, que me ensinou tudo sobre advocacia, e que — agora eu via — carregava muito mais segredos do que jamais imaginei.
— Isso não devia ter acontecido assim — disse ele, a voz tensa.
— Não? — levantei os olhos. — E como exatamente você achou que seria? Um brinde e um abraço coletivo?
Ele apertou os olhos, cansado.
— Eu queria contar. Desde o início.
— Você me empurrou pra ela — respondi, sentindo o peso nos ombros. — Você me usou como ponte.
— Eu pedi sua ajuda, Christopher. Você escolheu se apaixonar.
Levantei da cadeira tão bruscamente que ela arrastou no chão.
— Ela é tudo o que eu nunca soube que precisava. E agora ela me ode