CAROL
A luz branca do hospital me cortava os olhos.
Abri as pálpebras devagar, como se o mundo fosse pesado demais pra encarar.
O teto parecia distante. Estéril.
Nada como o galpão… mas ainda assim sufocante.
Tentei respirar fundo.
Um erro.
A dor na costela latejou como um choque elétrico.
— Calma. Calma, Carol. — A voz dele veio antes do toque.
A voz que meu corpo reconhecia antes da minha mente.
Virei o rosto.
Christopher estava sentado ao meu lado, com as mãos entrelaçadas — e eu reconheci o gesto.
Ele fazia isso quando estava tentando impedir que algo dentro dele explodisse.
Os olhos dele me fitaram. Vermelhos. Cansados. Assustados — algo que ele jamais admitiria.
— Você… — minha voz saiu rouca, falhando. — Você ficou?
Ele soltou um riso baixo, incrédulo.
Como se fosse impossível a pergunta existir.
— Eu não saí nem por um segundo, anjo.
Meu peito apertou.
Não de dor física — dessa, eu já esperava.
Mas de outra coisa.
Algo quente… perigoso.
Eu senti as lágrimas queimarem de novo.