O vento no terraço era o único som que não me irritava.
O resto… era barulho demais pra uma cabeça que já tava em colapso.
Cidade, buzina, lembranças — tudo descompassado, tudo alto demais.
Eu balancei as pernas por cima da mureta. Sete andares.
Nada que matasse de imediato, talvez, mas com sorte eu quebrava a cara o suficiente pra esquecer esse dia.
Olhei a garrafa de vinho no meu colo.
— Que bela companhia, hein, Carol? Você, o vinho, e a tentação do cimento — murmurei.
Peguei o celular e digitei pra Beatriz e Wanessa, que deviam estar tomando mojitos em alguma praia ridiculamente azul.
> Carol: tô bem
Carol: mais ou menos. o vinho é do bom.
Carol: curtam aí. beijo, vadias
Enviei. Sem contexto. Sem drama.
Porque nem eu conseguia explicar o que tinha acabado de acontecer.
O homem por quem eu me apaixonei era o segredo que me destruiu.
E, pra piorar, ainda era bom de cama. O que tornava tudo mais trágico.
Foi aí que ouvi a porta do terraço abrir.
— Se for o carteiro, s