Capítulo 23

O vento no terraço era o único som que não me irritava.

O resto… era barulho demais pra uma cabeça que já tava em colapso.

Cidade, buzina, lembranças — tudo descompassado, tudo alto demais.

Eu balancei as pernas por cima da mureta. Sete andares.

Nada que matasse de imediato, talvez, mas com sorte eu quebrava a cara o suficiente pra esquecer esse dia.

Olhei a garrafa de vinho no meu colo.

— Que bela companhia, hein, Carol? Você, o vinho, e a tentação do cimento — murmurei.

Peguei o celular e digitei pra Beatriz e Wanessa, que deviam estar tomando mojitos em alguma praia ridiculamente azul.

> Carol: tô bem

Carol: mais ou menos. o vinho é do bom.

Carol: curtam aí. beijo, vadias

Enviei. Sem contexto. Sem drama.

Porque nem eu conseguia explicar o que tinha acabado de acontecer.

O homem por quem eu me apaixonei era o segredo que me destruiu.

E, pra piorar, ainda era bom de cama. O que tornava tudo mais trágico.

Foi aí que ouvi a porta do terraço abrir.

— Se for o carteiro, s
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