O carro deslizava pelas ruas quase desertas da cidade, o ronronar do motor ecoando entre os prédios silenciosos. As fachadas antigas, manchadas pela ação do tempo, pareciam observar tudo com olhos cansados. Acima delas, o céu exibia um azul sujo, riscado por nuvens espessas que, lentamente, engoliam a luz do sol. A promessa de uma tempestade pairava no ar — uma daquelas que varrem certezas, lavam segredos e arrastam o que encontram pela frente.
Na direção, o motorista permanecia impassível. O maxilar tenso, os olhos fixos na estrada como se nada além da rota importasse. Nem mesmo o crescente cheiro de chuva parecia distraí-lo. Já no banco traseiro, Dante deixava o corpo afundado no estofado de couro, os dedos tamborilando de leve contra a perna. Sua mente, no entanto, vagava por territórios bem mais turbulentos do que aquele céu ameaçador.
Elena.
O nome dela ressoava como um sussurro insistente, uma corrente fria que lhe percorria a espinha e trazia consigo a inquietação. Desde o insta