Ayla acordou no meio da noite com a garganta seca. O quarto estava abafado, o ar-condicionado fazia um barulho estranho, como se fosse implodir a qualquer momento. Ou talvez fosse apenas sua imaginação.
Juan roncava pesado ao lado, uma mão caída para fora da cama. O relógio marcava três e quinze.
Ela se levantou devagar, apoiando as mãos nos móveis para não perder o equilíbrio. A barriga enorme pesava como uma âncora, cada passo era medido. Foi até a cozinha, abriu a geladeira e ficou parada, encarando a luz branca que iluminava o chão. Pegou uma garrafa de água, bebeu em goles longos. Sentiu o líquido descer como se tentasse apagar um fogo dentro dela. Mas não apagou.
De repente, lembrou do olhar da mãe adotiva. Aquele olhar que nunca se dirigia a ela por inteiro, sempre de esguelha, sempre com julgamento. Quantas vezes ouviu que não bastava, que era só um erro escondido atrás de uma cortina de aparências. Lembrou de noites em que fingia dormir, mas escutava a mãe chorando sozinha n