O celular vibrou às duas da manhã. Diana acordou assustada, o coração acelerado. A tela iluminava o quarto escuro: era Erlon.
"Desculpa a hora. Preciso te ver."
Ela ficou alguns segundos parada, encarando as letras brancas. Sentiu o nó no estômago. Podia ignorar. Podia fingir que não viu. Mas já estava de pé, já estava calçando o moletom, já estava pegando a chave do carro.
O apartamento dele ficava em Pinheiros, um prédio moderno, portaria 24 horas, cheiro de madeira encerada no hall. O porteiro a reconheceu e abriu sem perguntar nada. Diana subiu de elevador, vendo o próprio reflexo no espelho: olheiras, cabelo preso às pressas, boca seca.
Erlon abriu a porta ainda de camisa social, os botões de cima soltos, cheiro de uísque misturado a perfume. O sorriso dele era arma e abrigo.
— Eu sabia que você vinha. — Ele disse, com um tom de alívio na voz.
Ela não respondeu. Entrou. O apartamento tinha luz baixa, copos espalhados, uma garrafa pela metade sobre a mesa. Sentou-se no sofá sem ti