Capítulo 10
Érico
O apartamento era pequeno, de um quarto só. As paredes estavam limpas, mas dava pra ver que não era um lugar de quem se sentia em casa — parecia um canto emprestado, um abrigo improvisado.
A porta fechou atrás de mim e eu fiquei de frente pra ela.
A Enya.
O cabelo dela ainda úmido, os ombros meio caídos, mas o olhar… o olhar ainda firme, mesmo que cansado.
Eu respirei fundo, sentindo o cheiro fraco de café que ainda pairava no ar.
— Então… — comecei, a voz arranhada. — Você tem certeza?
Ela ergueu o queixo, a respiração curta.
— Eu não fiquei com mais ninguém além de você — disse, sem hesitar.
Eu queria acreditar.
Mas na minha cabeça, a voz do meu pai surgia de novo:
“Tem tanta mulher que fala isso.”
Ele sempre repetia isso — e eu sabia o motivo. Minha família tem dinheiro, meu pai é empresário, rico pra caralho. E eu sempre ouvi que tinha que desconfiar de todo mundo, porque sempre ia ter alguém querendo se aproveitar.
Eu não consegui segurar e acabei deixando escap