Monteverde
Quando você sabe o que está fazendo, não espera ninguém trazer os ingredientes — o bolo já sai do forno enquanto os outros ainda estão batendo a massa. Era assim que eu pensava. Sempre foi.
Mas ultimamente… algo no ar.
Medeiros parecia mais inquieto. Falava pouco, olhos de um lado pro outro, gestos comedidos. Quando ele começa a medir as palavras, é porque tá escondendo alguma coisa. Eu conheço esse tipo. Homens que se vendem fácil demais, mas acham que ainda têm alguma honra enterrada nos bolsos.
Mal ele saiu da minha sala, peguei o telefone. Um a um, liguei pros meus homens. Os encarregados dos galpões, da segurança, das rotas. O pessoal da construtora, os do terminal, os da área portuária.
Tudo em ordem.
As garotas? Sem problemas. A triagem continua rígida. Nada de reclamação, nem surpresa.
Mas foi quando entrei em contato com o dono da fazenda que senti o primeiro espinho cutucar. A voz dele… não era a de sempre.
— Senhor… tem algo estranho.
— Fala.
— Herrera. Foi visto