O portão da penitenciária se fechou atrás de Adriano Monteiro com um estrondo metálico que ecoou em seus ossos. O som era frio, definitivo, como um martelo de juiz batendo na mesa. Pela primeira vez, o homem que se orgulhara de dominar conselhos de administração, de subjugar sócios e manipular destinos, sentiu-se reduzido a um número. Uma matrícula no sistema prisional. Um corpo entre muitos.
O uniforme laranja foi entregue sem cerimônia. Ele hesitou em vesti-lo, como se ainda tivesse algum direito de recusar, mas o olhar impaciente do guarda o fez obedecer. Enquanto passava a camisa pelos ombros, sentiu o peso simbólico: ali não havia ternos italianos, não havia gravatas de seda, não havia a ilusão do poder. Só o tecido áspero que igualava todos os homens atrás das grades.
Foi levado a uma cela coletiva. O cheiro de mofo e ferro oxidado se misturava ao de suor e cigarro. Os outros detentos o olharam com curiosidade, alguns com desprezo. Muitos já conheciam seu rosto dos jornais. O ma