As manhãs nunca mais foram as mesmas para Adriano Monteiro. Antes, eram feitas de reuniões marcadas, compromissos impecavelmente cronometrados e a sensação arrogante de quem acreditava ter o controle do próprio destino. Agora, cada despertar era acompanhado pelo peso de uma nova manchete, um novo telefonema, uma nova sombra que se projetava sobre sua vida.
Naquela terça-feira, ele desceu as escadas da mansão com passos arrastados. O jornal já o esperava sobre a mesa de café. A fotografia da noite no restaurante estampava a capa: ele, ao lado de Elena, sob o clarão dos flashes, enquanto a manchete gritava “Magnata em crise: traição e corrupção ameaçam o império Monteiro”.
Adriano tentou virar a página, mas os dedos tremiam. Não havia como escapar: a queda era pública, inevitável. E, no meio do silêncio da sala, a campainha ecoou como um trovão.
Dois homens engravatados entraram, exibindo carteiras de identificação. O mais velho falou com a firmeza burocrática que não admite resistência