O tribunal improvisado no prédio do Ministério Público cheirava a papel e café frio. Adriano Monteiro atravessou o corredor ladeado por oficiais como um rei deposto conduzido ao cadafalso. O terno escuro não escondia a palidez, e a gravata mal ajustada denunciava a pressa de alguém que já não tinha tempo para a vaidade. Seus passos ecoavam no mármore, mas não havia aplausos nem respeito, apenas o silêncio denso dos que esperavam pela queda.
Na sala, procuradores aguardavam, pastas abertas sobre a mesa. Os flashes de fotógrafos ainda tentavam capturar a imagem de um magnata encolhido em meio a papéis de acusação. Adriano sentou-se, ajustou a cadeira e respirou fundo.
— Senhor Monteiro — começou o procurador à frente, voz firme e cortante —, o senhor é convocado a responder sobre desvios de fundos, manipulação de relatórios e uso da empresa Monteiro Corp para sustentar despesas pessoais em nome de terceiros. O que tem a declarar?
Adriano pigarreou, tentando soar seguro. — Essas acusaçõe