O sol da manhã parecia indiferente à ruína que se desenhava na vida de Adriano Monteiro. O mundo lá fora continuava seu curso: carros apressados nas avenidas, pessoas cruzando as ruas com cafés nas mãos, crianças uniformizadas indo para a escola. Mas dentro do coração de Clara, havia uma calma afiada, quase cruel, que transformava cada novo amanhecer em um palco perfeito para a queda dele.
Clara se levantou cedo, vestiu-se com sobriedade e caminhou até o escritório de Augusto, o advogado que desde o início aceitara ser cúmplice silencioso da sua estratégia. A sala estava iluminada por janelas largas, a mesa coberta por pilhas de documentos. Augusto ergueu os olhos quando ela entrou e não precisou de palavras para entender que a guerra entrava em sua fase decisiva.
— Está tudo pronto? — perguntou ela, pousando a bolsa sobre a cadeira.
— Sim — respondeu ele, entregando-lhe um maço de papéis. — O processo de separação oficial já está em andamento, mas este… — tocou a pasta com cuidado —