Adriano bateu a porta com força ao entrar na casa silenciosa. Já não era a mansão soberba de um empresário vitorioso; agora, cada parede parecia ecoar sua derrota. As notícias corriam, os sócios o pressionavam, Elena gritava por atenção, e ainda assim era o silêncio de Clara que o apavorava mais do que qualquer escândalo.
Ele percorreu os cômodos como se pudesse encontrar vestígios dela, mas não havia nada além das provas que ela deixara como uma ferida aberta. Fotografias, extratos, relatórios — cada papel o denunciava, cada detalhe o expunha. Clara não estava ali, mas era como se sua presença fosse mais forte do que nunca.
Um barulho na porta o fez virar-se. E então a viu. Clara entrou sem pressa, o olhar sereno, o corpo ereto, como alguém que já não tem nada a temer.
— Clara — a voz dele saiu trêmula, carregada de desespero. — Nós precisamos conversar.
Ela se aproximou, deixando a bolsa sobre a mesa. — Agora você quer conversar? Depois de tudo?
— Eu errei… — ele começou, mas a pala